NOS Alive. Ao segundo dia, o Heineken foi de Jehnny Beth

A luz do dia não foi problema para as Savages, que deram um dos concertos da noite num palco em que logo a seguir, num outro registo, as californianas Warpaint não lhes ficaram atrás.

“I Am Here” ouve-se como um chamamento, um quarto para as sete e a banda londrina liderada por Jehnny Beth já lá está, no palco Heineken, a dar tudo num concerto que as luzes do dia faziam difícil, sobretudo depois da apoteótica atuação surpresa no Lux que foi aquela do final de 2015, em que as Savages apresentaram já o seu segundo disco “Adore Life” (2016), com que regressam a Lisboa no segundo dia de NOS Alive. 

“Obrigada por terem vindo tão cedo”, diz Jehnny Beth perfeita mas feroz como sempre. É olhar para os sapatos de salto vermelhos que descalça para caminhar sobre o público, depois nadar, para de novo se erguer, microfone na mão ainda, para terminar este “Hit Me”. Regresso a “Silence Yourself”, disco de estreia, num alinhamento sempre entre esse ano de 2013 e o presente. 

Antes disso, tinham-se ouvido "Sad Person", "Slowing Down the World", "Shut Down", "Husbands", "When In Love", "I Need Something New” e há muito que o palco, o público, tudo era delas, que pós-punk furioso não pede licença. E não podia acabar isto quando vieram as finais "No Face”, “T.I.W.Y.G.” e a comovente “Adore”, punho cerrado para um quase-final a que faltaria mais um agradecimento delas que não se cansam de voltar para atuações a que já perdemos a conta — só em festivais, foi a quinta. 

“Obrigada, obrigada, obrigada, foi um prazer estar aqui convosco.” E tudo isto soa verdadeiro, como tudo nelas, como esta “Fuckers” que faltava para um final quase a fazer esquecer o rácio, como sempre e em todo o mundo desequilibrado, entre homens e mulheres que compõem o cartaz dos vários palcos.

E se segurar esta fúria parecia impossível, melhor que viessem as harmoniosas Warpaint empurrar-nos para um registo mais dançável. Foi sobretudo isso “New Song”, com o acompanhamento de Jono Ma, de Jagwar Ma, logo a seguir à melancolia de “Love is to Die” ter feito um dos momentos mais altos de mais um concerto destas californianas em Portugal, quase sempre alternado entre o disco homónimo de 2013 e o último, “Heads Up” (2016), para fechar com “Disco//Very”.