Tancos. Ministro rejeita qualquer responsabilidade política

Ouvido na comissão parlamentar de Defesa, Azeredo Lopes negou ter informação sobre qualquer risco em Tancos  

Tancos. Ministro rejeita qualquer responsabilidade política

O ministro da Defesa rejeitou ontem qualquer responsabilidade política pelo furto de material de guerra na base de Tancos e afirmou que desconhecia quaisquer problemas de segurança.

Segundo Azeredo Lopes «a segurança dos paióis é do domínio administrativo e de gestão. É tipicamente uma questão que cabe aos ramos». Ouvido na comissão parlamentar de Defesa, o governante assegurou não ter «em sua  posse, como muitos pretendem fazer crer», qualquer «relatório, informação, pedido ou chamada de atenção que identificasse uma situação grave de insegurança» nos paióis de Tancos de onde foram roubadas armas e munições na semana passada.

«Não fui informado, direta ou indiretamente, de qualquer situação que permitisse antever o que acontecer a 28 de junho», afirmou Azeredo Lopes, acrescentando que «os relatórios do Centro de Informações e Segurança Militares são coincidentes, em 2014, 2016 e 2017, em considerar um nível baixo a possibilidade de ocorrência disto».

Dever cumprido 

Na sua intervenção na Assembleia da República, o ministro da Defesa argumentou que existem quatro equívocos que têm inquinado o debate público do tema. 

Em primeiro lugar, Azeredo Lopes disse haver uma confusão entre as responsabilidades políticas e operacionais da Defesa Nacional.  Estas últimas «competem aos chefes militares e, em certas circunstâncias, ao Estado-Maior General das Forças Armadas, competindo ao ministro dirigir em termos estratégicos».  Segundo o ministro, «a segurança dos paióis é do domínio administrativo e de gestão. É tipicamente uma questão que cabe aos ramos. Dificilmente se encontra um assunto de cariz mais operacional». 

A responsabilidade política está, segundo o governante, num conjunto de deveres cumpridos. «Adotei as medidas necessárias e adequadas para apoiar e promover o apuramento cabal de todos os factos». 

O terceiro equívoco foi ter sido  «acusado» de desvalorizar o caso, sublinhando que as suas intervenções públicas «foram no sentido de, sem meias palavras, o qualificar como grave».

Azeredo Lopes  considerou que «o quarto equívoco é o alegado grave impacto internacional na imagem de Portugal», revelando que teve uma «longa conversa telefónica» com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, sobre o pior incidente da história militar recente do país. E a sua conclusão é que a imagem de Portugal mantém-se «intacta».