Liu Xiaobo. Médicos contradizem Pequim e dizem que Nobel da Paz pode ser tratado no ocidente

O mais conhecido defensor de uma reforma democrática na China está às portas da morte e pede que o permitam ser tratado no Ocidente. 

Dois médicos oncologistas contradisseram este domingo o governo chinês ao garantirem que o Nobel da Paz e ativista democrático Liu Xiaobo pode receber cuidados paliativos no Ocidente, em vez de em hospitais do país, onde recebe tratamento sob escolta policial pelo seu cancro no fígado em estado terminal.

Os dois especialistas – um norte-americano e outro alemão – examinaram Liu Xiaobo em Pequim e anunciaram que o governo está errado em dizer que o Nobel da Paz não sobreviveria a uma viagem para hospitais com mais ferramentas e condições fora da China. Argumentam, no entanto, que Liu tem de partir o quanto antes.

“Embora existam sempre riscos na deslocação de qualquer paciente, ambos os médicos acreditam que Liu pode ser transportado com segurança para um centro com cuidados e equipamentos adequados”, anunciaram este domingo os dois especialistas, respondendo aos apelos de Liu, da sua família, governos e ativistas, que pedem que seja tratado no Ocidente.

Liu foi recentemente libertado da prisão como uma medida humanitária, concedendo-lhe a possibilidade de morrer em liberdade parcial, num hospital. No entanto, o Nobel da Paz, importante manifestante em Tiananmen e um dos mais conhecidos advogados da causa democrática na China, continua sob intensa vigilância.

A sua família anunciou na semana passada que Liu está às portas da morte e demasiado enfraquecido para receber tratamentos relevantes contra o seu cancro no fígado. O Nobel da Paz foi libertado a 26 de junho, a três anos de completar uma pena de prisão de 11 anos por incentivar a subversão ao poder do Estado.

“O que os governantes em Pequim devem fazer é o que fizeram este tempo todo: friamente calcular os riscos e benefícios de permitirem a Liu Xiaobo viajar para o estrangeiro de forma a conseguir tratamento e concluírem que está no seu melhor interesse deixarem-no partir”, escreve o diretor do gabinete do leste asiático da Amnistia Internacional, Nicholas Bequelin.