Pippo Russo. “Jorge Mendes não marca golos como Ronaldo, é mais difícil limpar a imagem assim”

Pippo Russo crê que o super-agente português é exaltado pela imprensa desportiva nacional, mas que a opinião pública em geral não o vê como um herói

Pippo Russo é formado em sociologia, mas foi após a especialização na vertente desportiva que decidiu enveredar pela investigação do universo futebolístico na sua face mais sombria. Editou o primeiro livro sobre o tema em 2014 (“Gol di rapina”) e deu-lhe seguimento há poucos meses com “Orgia do poder”, obra dedicada por completo a Jorge Mendes, detalhando a sua ascensão desde que era proprietário de uma discoteca em Caminha até ao topo do mundo e a forma como influencia o funcionamento de todo o fenómeno futebolístico atual.

Começo por lhe perguntar: é um grande fã de futebol?

Era. Mas desde a altura em que comecei a debruçar-me sobre este tema, aquilo a que chamo o sistema global de uma economia paralela no futebol, estou muito mais desencantado. É tudo um grande negócio, tudo o que acontece por trás das cortinas e à volta do campo… Para mim, o futebol já não é um prazer, já não é uma paixão.

E nesse aspeto, considera que Jorge Mendes é o “rei do mundo”, como diz no livro? Pelo menos, desse mundo?

É, sem dúvida, o rei do mundo do futebol. É o pilar central da vida quotidiana da cultura do futebol, da comunicação. Por isso digo que o Jorge Mendes, hoje, tem um enorme poder no mundo. Considero que o mundo do futebol tem um papel essencial na cultura global. A economia do século XXI é uma economia de entretenimento, e dentro desta economia, o futebol tem um papel fulcral.

E consegue vê-lo a sair da esfera do futebol e alargar a sua influência para outras áreas da sociedade?

Ele não precisa de sair do futebol, precisamente por isso: neste momento, o futebol é central na economia. Ele nunca quis ser um homem das finanças ou da política, sempre teve uma grande capacidade para perceber o potencial do futebol. Mas tem um ponto fraco: um ego enorme, a máquina de propaganda que criou e que se tornou central na construção do seu sistema de poder. A longo prazo, pode ser um ponto fraco. Ainda recentemente vimos, quando ele foi a Espanha testemunhar, uma imagem diferente do Jorge Mendes. Um Jorge Mendes com medo, preocupado. Este acontecimento causou danos na sua imagem pública.

Acha que, neste caso, ele tem razões para ter medo?

Acho que qualquer um de nós, se somos chamados a depor perante juízes, temos de ter medo (risos)! Mas ninguém pode ser considerado culpado até tal ser provado. Claro que todos vimos documentos detalhados sobre o processo, mas… vamos ver.

Ao longo da sua pesquisa, encontrou centenas de documentos contraditórios, informações pouco conclusivas ou muito vagas. O que sentiu ao começar a ter uma noção clara de como os bastidores do futebol funcionam?

Todos estes negócios baseiam-se no princípio de que o futebol é uma incubadora financeira, um tubo onde o dinheiro é posto para crescer. Em todas essas transferências, todos esses negócios, encontrei uma quantidade absurda de dinheiro a circular. Em condições normais, seria muito menos e os movimentos seriam explicados de forma muito mais clara.

E como amante de futebol, isso irrita-o profundamente, não?

Claro que sim. Para mim, o futebol continua a ser apenas um jogo. Claro que tenho consciência que o futebol é um negócio económico, e isso não me chateia. O que me chateia é ter-se tornado uma ferramenta para manobras financeiras, jogos que não existem para desenvolver o futebol mas para o explorar o máximo possível.

Nasceu nos anos 60, estava em plena adolescência e a entrar na fase adulta nos anos 80. Reconhece o futebol da atualidade, ou estamos a falar de algo completamente diferente?

É outra coisa completamente diferente. Uma transformação total, genética. O futebol hoje é um fenómeno totalmente diferente. Acima de tudo, o futebol é hoje um fenómeno financeiro, e em segundo lugar é um fenómeno comunicacional. Só em terceiro se pode chamá-lo de desporto. Mas a vertente desportiva, atualmente, não é a mais importante. Longe disso.

Há outra personagem de quem fala amiúde no livro: Manuel Barbosa. Chama-lhe mesmo o “primeiro super-agente”.

Manuel Barbosa foi o primeiro a perceber que representar jogadores podia conferir-lhe poder junto dos clubes. Ele era não só um agente de jogadores, mas também um homem de negócios. Nesse sentido, pode dizer-se que ele foi o primeiro super-agente. Claro que desde então, o perfil de um super-agente evoluiu, e atualmente o Jorge Mendes é a suprema evolução. Mas não a última! Tenho a certeza que no futuro veremos surgirem outras personagens que ditarão uma evolução em relação ao Jorge Mendes.

Quando começou a interessar-se verdadeiramente por esta temática?

No verão de 2006, quando li sobre as transferências de Tévez e Mascherano do Corinthians para o West Ham. Foi aí que descobri que os passes dos jogadores de futebol podiam ser detidos não só por clubes de futebol, mas também por instituições anónimas de cariz financeiro. Isto pareceu-me tão estranho que me causou curiosidade e vontade de aprofundar o tema. Aí comecei a interessar-me, a reunir informação e em 2014 escrevi o meu primeiro livro, “Gol di rapina”, onde faço uma descrição geral do sistema da economia paralela do futebol. E, ao pensar em dar um segundo passo na investigação, foi com naturalidade que me foquei naquele que é, para mim, a personagem principal dentro deste sistema: Jorge Mendes.

Já alguma vez esteve com Jorge Mendes ou falou com ele?

Não. Nunca o conheci pessoalmente nem procurei estabelecer qualquer tipo de contacto.

Porquê?

Porque não era necessário para o meu trabalho. Eu trabalho com documentos públicos e acima de tudo com a representação e construção pública da personagem Jorge Mendes. E para fazer este tipo de trabalho, na minha opinião, não era necessário conhecê-lo ou contactá-lo. Até porque a dimensão pessoal de Jorge Mendes nunca me interessou, não é entusiasmante nem sexy para mim (risos). A mim, interessa-me a vertente pública do Jorge Mendes e o que ele representa. Talvez ele até seja uma personagem fascinante e quem sabe um dia isso possa acontecer; por agora, nunca me interessou.

E nunca recebeu nenhum contacto por parte de algum dos seus colegas ou associados?

Não, nunca. Tive, sim, uma acesa troca de e-mails com Nélio Lucas, da Doyen, mas nada relacionado com o Mendes. É verdade que de vez em quando recebo umas coisas estranhas no Twitter, mas nada diretamente da parte do Jorge Mendes.

Nada que o deixasse amedrontado? Estilo máfia?

Não, não (risos). Nada disso.

Acredita que hoje em dia, muitos jogadores fazem grandes carreiras mais devido ao agente que têm do que às suas qualidades futebolísticas propriamente ditas?

Não tenho qualquer dúvida. Para mim, futebol é um desporto e as aptidões desportivas deveriam ser o primeiro e provavelmente o único critério na escolha dos personagens. Hoje, todavia, alguns jogadores chegam mais longe e mais alto apenas por terem boas relações, por terem bons agentes. É muito triste, pois provavelmente haverá jogadores mais qualificados que não chegam mais longe por não serem bem relacionados. Isto para mim é um grande problema, relacionado com a liberdade de concorrência no mundo do futebol. Os futebolistas são trabalhadores e num sistema justo, deveriam estar numa relação de igualdade de concorrência. Neste contexto, o agente é um elemento que desvirtua a situação de concorrência.

No livro, dá o exemplo gritante de Bebé.

Por exemplo. Se não tivesse o Jorge Mendes como agente, o Bebé nunca deveria ter chegado ao Manchester United nem hoje em dia continuar a jogar em clubes da I Liga espanhola ou mesmo de Portugal. Estamos a falar de jogadores que nunca conseguiriam ter este tipo de oportunidades se não fossem clientes de Jorge Mendes. Danilo Barbosa, por exemplo. Não mostrou qualidades que justifiquem ter estado em Espanha, na Bélgica, no Benfica… Aderlan Santos; Mangala, que foi para o Manchester City por uma quantidade exagerada de dinheiro para a qualidade que tem…

A dada altura, refere-se também a João Moutinho e Fábio Coentrão como jogadores “sobrestimados”…

Talvez não sejam sobrestimados para a seleção portuguesa ou para outros clubes onde tenham estado. Mas é completamente absurdo ver que o Coentrão foi para o Real Madrid por 30 milhões de euros! Mas isto não é só o Mendes. Em Itália temos o Mino Raiola [agente de Balotelli ou Zlatan Ibrahimovic], que tem o hábito de negociar com os clubes enviando-lhes um bom jogador e um mau jogador. Por exemplo, Ibrahimovic e Maxwell no Barcelona: jogadores de nível completamente diferente que foram para o mesmo clube.

No livro, fala dos exemplos de Fábio Paim ou Alípio, rotulados desde cedo como miúdos-maravilha mas que acabaram por ser muito cedo “abandonados” por Mendes…

Sim, mas esses casos são diferentes. Paim foi alguém que nunca encarou o futebol de forma profissional. O Mendes aí não teve culpa. E o Alípio… é uma história muito triste. Um menino que vem aos 15 anos de um pequeno clube no Brasil para o Rio Ave e logo de seguida vai para o Real Madrid! Depois teve uma lesão grave e nunca mais se levantou. Encontrei, quando andava a fazer a investigação para este livro, uma entrevista dele a um site brasileiro e é uma história muito triste. Mas mesmo assim, na parte em que falava de como a sua ligação ao Jorge Mendes terminou, o próprio Alípio nunca se mostrou magoado com ele. É curioso.

Há uma parte, logo no início do livro, em que o Pippo chega a referir-se ao Jorge Mendes como uma “ama-seca” dos jogadores que agencia!

Isso foi por causa de uma peça do “The Guardian” que revelava algumas cláusulas no contrato de Ricardo Carvalho e Tiago quando foram para o Chelsea. Coisas como “o Jorge Mendes tem de garantir os bons hábitos e bons comportamentos destes jogadores no dia-a-dia; se chegam a horas aos treinos, se não faltam a compromissos do clube”… Isto são cláusulas anormais, peculiares. Normalmente, um agente não tem de se preocupar com estes aspetos.

Mas acredita que ele fazia mesmo isso? Cumpria mesmo esse papel?

O Jorge Mendes tem uma relação muito chegada aos seus jogadores, é um facto. Principalmente aos mais importantes.

Fala também de alguma influência que Jorge Mendes tem nas convocatórias da Seleção nacional. Mas, sendo o agente que é, ele pode pura e simplesmente ter de facto os melhores jogadores do país, certo?

Claro que ele representa os melhores jogadores do país. Mas também é indesmentível o poder e a influência que ele tem sobre a equipa, sobre as convocatórias. Por exemplo em 2008, quando o Quim se lesiona e fica fora do Europeu. O escolhido para o seu lugar foi o Nuno Espírito Santo, que era suplente no FC Porto. O Jorge Mendes tem de certeza este poder de influência. O Hilário foi para o Chelsea para ser o terceiro guarda-redes e ficou lá oito anos (risos)! Certamente que haveria guarda-redes ingleses que podiam perfeitamente desempenhar essa função.

No livro tece também algumas considerações sobre a forma como a imprensa desportiva portuguesa trata Jorge Mendes, apontando algum protecionismo. Lembra que, após algumas vendas milionárias de jovens promessas, o super-agente é visto como um descobridor de talentos. É essa a imagem de Jorge Mendes também no estrangeiro?

Não. No estrangeiro, Jorge Mendes é visto como um homem poderoso, capaz de conseguir os melhores negócios do mundo, mas não um grande olheiro ou um mestre no scouting. Em Portugal, por vezes os jornais descreviam-no dessa forma, mas estamos a falar do passado. Neste momento é impossível falar do Jorge Mendes dessa forma.

Por exemplo: o Gonçalo Guedes ou o Nélson Semedo tinham outros agentes. E de repente, como por magia, mudaram para o Mendes. Um deles, Paulo Rodrigues, que era o agente do Guedes, causou enorme rebuliço, mas no fim da história o que interessa é que o Gonçalo Guedes é jogador do Jorge Mendes e com esse estatuto teve a oportunidade de entrar no mundo do futebol europeu, com o PSG a pagar uma quantidade absurda de dinheiro.

E como caracteriza essas movimentações? Falta de ética?

No futebol não se pode dizer que já de si haja um grande sentido de ética. Em relação ao Jorge Mendes, eu falo sobre uma misteriosa força de atração, como se fosse magia. Alguns agentes acusam o Jorge Mendes de lhes roubar jogadores. Eu obviamente não o posso fazer, não tenho elementos que me permitam concluir isso; só posso falar de uma força de atração. Hoje, Mendes é o agente dos melhores jogadores do mundo. Tudo isso faz parte da sua propaganda. Também tem falhanços épicos, atenção! Como o de David de Gea, que não foi para o Real Madrid por causa de uma falha num faxe… É uma coisa surreal (risos)! Mas ele não é só um fenómeno de poder, é também um fenómeno de propaganda, de comunicação, de interação com os média.

Chega a falar de Mendes como o “segundo rei de Portugal”. Acha sinceramente que ele ou mesmo Cristiano Ronaldo possam ser apelidados dessa forma? Que os seus estatutos já atingem tal dimensão?

Ronaldo será sempre Ronaldo, independentemente dos problemas com o fisco e as finanças. Ele é um herói do futebol, marca dois golos e as pessoas esquecem. Com o Mendes é diferente. Mendes não é alguém que nos faça sonhar, não é um protagonista dentro do campo. A imagem dele neste momento está a passar por uma fase negativa e não tem as mesmas oportunidades do Ronaldo para limpar a imagem publicamente.

Mas considera que Jorge Mendes é bem visto pela generalidade do público?

Acho que há um duplo-padrão em relação à imagem de Jorge Mendes: a imagem transmitida pelos média, institucional, positiva e respeitosa; e aquela que vejo através das redes sociais, onde encontro uma realidade completamente diferente, em que a imagem dele não é vista de forma tão positiva. Há uma desconexão entre a representação do Jorge Mendes nos média e a sua representação na opinião pública. É uma demonstração que os média já não são tão influentes na opinião das pessoas, estas já não se deixam ir tão facilmente na propaganda e no que é veiculado pela imprensa. Já pensam por si e questionam-se.

Vê a FIFA e a UEFA preocupadas com este tipo de influência por parte de Jorge Mendes e de outros super–agentes como ele? Estas relações de promiscuidade, com um empresário que transfere jogadores entre clubes com os quais o próprio tem relações privilegiadas ou mesmo controlo parcial?

Formalmente, a FIFA e a UEFA são contra a tri-partilha de passes, os super-agentes e tudo isso. Mas na prática, não estão a fazer uma luta séria contra estes poderes. Recentemente, o Sevilha foi multado em 60 mil euros por não ter respeitado a questão do passe tri-partido. É um valor ridículo! Não vai ser o mundo do futebol a parar o poder de Mendes. Talvez algum tipo de problema financeiro ou com a Justiça, mas não o mundo do futebol.

Consegue prever um fim para esse império?

Mais tarde ou mais cedo, o seu império vai cair, como todos os impérios. Acho que o que está a acontecer nos últimos dias, estas acusações de fraude fiscal, pode ser um ponto de viragem. Não sei o que vai acontecer, mas certamente que a imagem dele está a mudar: já não tem a imagem do “todo-poderoso”, do senhor supremo e intocável. Está a mudar.

Mas, como aborda também no seu livro, os clubes continuam a procurá-lo e a tentar gozar da sua proteção. Aconteceu com o Barcelona no verão passado, com a transferência de André Gomes depois de vários anos de relações cortadas. Ou agora o caso do Wolves, que acaba de quebrar o recorde de transferências com a contratação de Rúben Neves – jogador Mendes -, já depois de ter contratado Nuno Espírito Santo para treinador…

Esses clubes veem o Jorge Mendes como um ponto de referência para realizarem bons negócios, para terem investidores e ligações com o sector certo do mercado de jogadores. Mendes é um ponto estratégico. E vai continuar a sê-lo. É por isso que os clubes, tenham o nível que tiverem, continuam a procurá-lo.

Mas não consegue perceber o lado dos clubes? Acha que o Paços de Ferreira ou o Rio Ave, sem essa ligação a Jorge Mendes, poderiam alguma vez sonhar com terminar um campeonato em terceiro lugar ou ir à Liga dos Campeões, como já aconteceu?

Talvez sim, talvez não. Não podemos especular. O que posso dizer é que esses clubes estão numa economia de dependência e têm sempre de se lembrar que dependência é dependência. A curto prazo pode ser positivo, mas mais cedo ou mais tarde vão chegar a um ponto em que a dependência vai ser má para o clube. Estes clubes têm de se perguntar: “O que vai ser de nós quando o Jorge Mendes deixar de ser o Jorge Mendes?” Esta é a verdadeira questão. O Jorge Mendes não é eterno, nenhum de nós é eterno.

Alguma vez esperava ver uma só pessoa a ter tamanha influência num clube da dimensão do Real Madrid, por exemplo?

Nunca esperei e nunca percebi. Um clube como o Real Madrid pode perfeitamente passar sem o Jorge Mendes e sem qualquer outro super-agente. É, de facto, difícil de perceber…

Até agora, tem passado um bocado ao lado do mercado italiano. Consegue vê-lo a apostar mais no seu país?

Ele já está em Itália com o Milan, com a Lázio. Tem uma relação histórica com o Inter, por exemplo, e está a começar a estabelecer uma ligação com a Juventus. Neste momento de menor fulgor do futebol italiano, o Jorge Mendes está a começar a tentar semear o seu poder lá. É como um abutre (risos)! Ele age sempre da mesma maneira: tenta criar condições de dependência dos clubes de futebol para com ele – os pequenos. Com os grandes, cria relações de cooperação e influência.

E como considera ser possível mudar o cenário atual do futebol mundial?

A única solução é a explosão do mercado. Pensar numa reforma do futebol nos dias de hoje é impossível, a única solução tem de ser traumática. Posso estar a ser pessimista, mas não vejo uma solução dentro do quadro futebolístico atual.

Ainda por cima fala-se cada vez com mais insistência da criação de uma Superliga europeia – mais uma coisa que iria abanar os padrões do futebol enquanto desporto…

Se a bolha explodir, não teremos uma Superliga europeia. Se não explodir, é um cenário muito plausível. Os interesses dos grandes estão a convergir para esse ponto. É o fim da tradição, da pureza do futebol.

Pondo agora o tema Jorge Mendes de parte: que ideia tem, como observador estrangeiro, do futebol português atual?

O futebol português tem vivido sempre na fronteira da guerra entre os três grandes. Neste momento creio que atingiu uma zona perigosa, que espero seja só uma fase. Tenho lido sobre este caso dos e-mails e considero-o uma realidade abjecta – e digo isto sem tomar qualquer partido. Acho que o futebol português precisa de fazer uma reflexão profunda, porque atingiu uma situação muito perigosa.

Considera possível haver lugar a uma despromoção de um dos três grandes, caso sejam comprovados casos de corrupção?

Em Portugal não há coragem para levar a situação ao extremo. Mas esta pode ser uma chance para mudar e modernizar o futebol português. Em Itália também ninguém acreditava que a Juventus pudesse cair, mas caiu e dois títulos foram-lhe retirados.