“I love it”. Foi desta forma que reagiu Donald Trump Jr., minutos depois de receber um email de um ex-jornalista britânico e amigo da família dos tempos em que os Trump colaboravam no concurso de modelos Miss Universo, e que dava conta de uma oferta de “documentos oficiais e informação que pode incriminar Hillary e as suas interacções com a Rússia”, oriundos de alguém com ligações ao Kremlin.
Perante o esclarecimento do intermediário Rob Goldstone de que aquilo que os russos lhe estavam dispostos a fornecer, mediante um encontro a agendar, era “obviamente informação sensível e de alto nível”, que deveria ser entendida pela campanha republicana às eleições norte-americanas como “parte do apoio da Rússia e do seu governo ao Sr. Trump”, o filho mais velho do presidente dos EUA não vacilou. “Se é aquilo dizes, adoro, especialmente mais tarde no verão”, foi a resposta mais completa que deu, igualmente por email, e que vem incluída na sequência de mensagens eletrónicas divulgadas pelo próprio, esta terça-feira, no Twitter, face às revelações que o “New York Times” foi fazendo nos últimos dias sobre o escândalo.
No comunicado que acompanhou a revelação do conteúdo dos emails trocados, Trump Jr. diz que o fez em nome da “transparência” e garante que apenas aceitou encontrar-se com advogada russa Natalia Veselnitskaya, porque pensava tratar-se de um caso normal de ‘opposition research’, uma prática comum de investigação política nos EUA, tendo em vista a pesquisa e revelação de informações inconvenientes sobre os adversários. Para além disso, o filho mais velho do presidente refere que aquela não era “funcionária do governo”, pese Goldstone referir-se à jurista, na troca de emails, como a “advogada do governo russo”.
Here's my statement and the full email chain pic.twitter.com/x050r5n5LQ
— Donald Trump Jr. (@DonaldJTrumpJr) July 11, 2017
Donald Trump Jr. encontrou-se então com Veselnitskaya no dia 9 de junho de 2016, na Trump Tower, em Nova Iorque – juntamente com o cunhado Jared Kushner e com o ex-diretor de campanha Paul Manafort – mas revelou que a mesma não fora suficientemente interessante, devido às “afirmações vagas, ambíguas e sem sentido” da jurista russa.
O conteúdo e divulgação dos emails trocados entre o filho do presidente dos EUA e Goldstone são a primeira confissão pública de um elemento do clã Trump de que os russos colaboraram ou tentaram colaborar com os republicanos, para ajudar Donald Trump a vencer as eleições norte-americanas, algo que tem sido negado de forma veemente desde que o FBI abriu o inquérito para averiguar a suposta interferência de Moscovo no ato eleitoral.