Desistências provocam polémica em Wimbledon

Oito jogadores desistiram durante encontros da primeira ronda do torneio de Wimbledon e dois deles – Feliciano Lopez e Victor Troicki – jogaram pares depois de abandonarem os singulares.

O caso levantou celeuma. Muitos destes jogadores estavam lesionados antes de iniciarem o torneio, tinham consciência das suas limitações, poderiam ter desistido e permitido que outros fossem repescados (os chamados ‘lucky losers’), e o público pagante e os telespetadores teriam sido brindados com um espetáculo mais adequado.

Alguns destes oito jogadores desejam o prestígio de pisar a relva do sagrado All England Club, mesmo lesionados, mas, não sejamos ingénuos, a principal razão é o ‘vil metal’.

Ninguém deita fora as 35 mil libras (quase 40 mil euros) auferidas pelos eliminados na primeira ronda. E os que ainda jogaram pares embolsaram, pelo menos, mais 6 mil euros.

A questão tornou-se mais visível por duas dessas desistências terem ocorrido em pleno Court Central, a ‘Catedral’ do ténis, e por serem adversários das superestrelas Roger Federer e Novak Djokovic, respetivamente Alexandr Dolgopolov e Martin Klizan.

A maioria dos jogadores considera que é uma atitude legítima porque a entrada direta no quadro principal de um torneio decorre do ranking que avalia os seus resultados durante um ano (as últimas 52 semanas) e que esses resultados legitimam o seu direito àquele prémio monetário, mesmo que não estejam em condições físicas de competir.

Mas quem pagou 55 libras (quase 63 euros) para o Court Central naquela tarde só viu 83 minutos no somatório dos encontros de Federer e Djokovic. Mais ridícula foi ainda a desistência de Janko Tipsarevic, 15 minutos depois de iniciar o confronto com Jared Donaldson.

O ATP World Tour introduziu este ano uma regra para limitar estes abusos. Se um jogador desistir pouco antes do início de um torneio e der o lugar a outro, recebe na mesma o prémio monetário da primeira ronda.

O balanço está a ser positivo e nos primeiros seis meses houve mais desistências antes dos torneios começarem e menos abandonos a meio das primeiras rondas.

Os torneios do Grand Slam estão a estudar a medida e poderão vir a adotá-la. Federer e Djokovic apoiam-na.

É uma falta de ética profissional, de respeito por espetadores, telespetadores, jogadores, promotores, patrocinadores e pela sociedade em geral. Se o fazem deliberadamente, pelo menos joguem até ao fim e sejam derrotados. Ao abandonarem a meio, esfregam-nos na cara o desrespeito que sentem por nós.

Hugo Ribeiro