PSD diz que o “Estado está a colapsar”

Intervenção dura de Luís Montenegro quase parecia antecipar uma moção de censura. PS fala em “mau ano da oposição”.

PSD diz que o “Estado está a colapsar”

Na sua intervenção de despedida como líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro falou num governo em colapso a viver à custa da herança reformista do anterior executivo, num tom duro que fazia lembrar não uma pergunta ao governo, mas um discurso de moção de censura.

“Com a conjuntura de 2016 e 2017, com o governo que os portugueses elegeram nas urnas, não tenho dúvidas que se tivéssemos um governo reformista tínhamos um país ainda mais próspero”, sublinhou o deputado social-democrata, cuja bancada lhe dedicou uma salva de palmas em pé no fim do seu discurso.

Falando de um “processo de degradação” generalizado, Montenegro sublinhou que “o governo não tem liderança ou tem uma liderança muito frágil” quando há adversidades.

Reiterando a falta de legitimidade do governo socialista por não ter sido o partido mais votado nas eleições legislativas, o líder da bancada do PSD referiu que um executivo que “nunca teve autoridade eleitoral chega a este debate com autoridade diminuída”. Para o deputado é fácil o diagnóstico: “O governo é um flop”.

“O Estado está a colapsar”, disse Montenegro, e António Costa segue, “com pompa e circunstância”, sem “assumir responsabilidades”, o que para o deputado do PSD mostra que há um “modelo de desresponsabilização” instalado no governo.

Além do Estado e do governo, o deputado social-democrata juntou que “a democracia também está a colapsar” porque as bancadas que apoiam o executivo deixam que este faça exatamente o contrário daquilo que aceitaram.

Costa aproveitou, antes de responder, para saudar o deputado neste que é o seu último debate parlamentar como líder da sua bancada e desejar-lhe felicidades no futuro, insinuando nas palavras a possível ambição de Montenegro em chegar à liderança do PSD, substituindo Pedro Passos Coelho, que se manteve impávido a seu lado.

Em resposta, garantiu que perante a herança recebida por este governo, com a economia em desaceleração, se viu obrigado a mudar a política e foi isso que trouxe a economia ao estado em que está hoje. E negou que a economia portuguesa esteja melhor por causa da conjuntura global ser mais propícia, lembrando que Portugal está a crescer a um ritmo superior à média europeia.

Para João Paulo Correia, deputado do PS, a ideia é muito simples: “Este foi um bom ano para o país, mas um ano mau para a oposição”.