Conselho de Ministros decide hoje candidatura à Agência do Medicamento

Lisboa tem mais oferta nos critérios pedidos pela EMA, mas a decisão final será política

Depois do banho-maria das últimas semanas, o Conselho de Ministros decide hoje que cidade será a candidata nacional a acolher a sede da Agência Europeia do Medicamento. O Porto tornou a estar na corrida a meio de junho, altura em que a comissão nacional de candidatura passou a envolver a Invicta. Mas os trabalhos da comissão, sabe o i, terminaram sem que fosse votada uma proposta final.

Foram apresentados ao executivo indicadores das duas cidades para os critérios pedidos pela agência europeia, que incluem matérias como acessibilidade, alojamento e instalações. Lisboa tem mais oferta, mas a vantagem teórica é apenas uma componente – a decisão final será política e concertada em Conselho de Ministros.

De acordo com tabelas em análise a que o i teve acesso, Lisboa leva vantagem técnica. Em termos de acessibilidade, regista 2.400 voos semanais contra 900 no Porto. Da capital voa-se para 118 destinos e do Porto para 66. Lisboa tem 20 voos diretos para capitais europeias e o Porto 13 – são 1600 voos semanais para capitais europeias contra 685 com saída do Porto. O aeroporto da capital está a 7 quilómetros do centro da cidade e o do Porto a 17.

No que diz respeito à rede de transportes urbanos, a frequência do metro em Lisboa é de 10 minutos e no Porto de 15 minutos. Nos autocarros a diferença é também ténue mas até os táxis foram analisados, com Lisboa a registar uma frota de 4.654 viaturas e o Porto 1516.

No que diz respeito à capacidade hoteleira, Lisboa dispõe de 125 unidades com um total de 49.012 camas e o Porto de 128 com 19.369 camas, menos de metade. Segundo os últimos dados disponíveis, a Agência Europeia do Medicamento, que por enquanto continua no número 30 de Churchill Place, em Londres, reserva 30 mil noites em hotéis por ano. Em termos de educação, Lisboa oferece 16 escolas internacionais – sendo que educação bilingue é um dos critérios pedidos na candidatura. O Porto tem quatro, com vagas para metade dos alunos.

Quem dá mais

Tomada a decisão, Lisboa ou Porto entrarão formalmente numa corrida que começa a aquecer. Houve manifestações de interesse de 20 cidades, mas as propostas oficiais começam agora a surgir com mais detalhes. Amesterdão oferece um novo edifício no bairro empresarial Zuidas e o governo holandês, revelou a imprensa, disponibiliza 250 a 300 milhões de euros para instalações feitas de raiz à medida da agência, que alugaria então à EMA ao preço do mercado de habitação local. Proximidade ao aeroporto e apoio aos funcionários expatriados são outros atrativos.

Lille, Bruxelas, Barcelona, Helsínquia, Copenhaga e Estocolmo, Dublin e Milão são outras cidades na corrida, que o chanceler austríaco já comparou à Eurovisão. A Alemanha vai candidatar Bona, soube-se também esta semana.

A candidatura nacional deverá concretizar até que ponto Portugal está ou não disposto a investir para trazer a EMA para terras lusas, detalhes que até ao momento não foram tornados públicas. Antes de o dossiê da candidatura ter sido reaberto após pressão política a Norte – depois da separação de Manuel Pizarro e Rui Moreira na corrida autárquica no Porto – já estava em curso a campanha online pela candidatura de Lisboa à EMA. Recorde-se que a candidatura de Lisboa já tinha sido aprovada por unanimidade pelo parlamento em maio.

No site oficial de candidatura emainlisbon.eu, que entretanto foi bloqueado – e ontem assim continuava – surgia uma imagem do pavilhão de Portugal no Parque das Nações e o governo prometia que, vindo a EMA para o país, os funcionários e famílias poderiam contar com um serviço de apoio à relocalização que seria criado para esse efeito, que inclusive poderia vir a ter um balcão em Londres para ajudar na transição. De acordo com uma análise técnica a que o i teve acesso, a vinda da agência europeia para Portugal poderia ter um impacto de mais de 2 mil milhões de euros na economia até 2030 e criar mais de 2 mil empregos indiretos, isto além dos 890 funcionários da EMA que passariam a viver em Portugal.