Ao lado, os americanos estão de olhos abertos

O Pentágono teme espionagem chinesa e a chegada de maiores e mais importantes navios de Pequim

A experiência é inédita para os dois países. Pequim nunca operou uma base militar no estrangeiro e os Estados Unidos nunca tiveram uma instalação sua tão próxima da de um rival. Acontecerá agora no Djibuti, onde os EUA têm a sua única base permanente em África e lá estacionam quatro mil soldados, que em breve vão estar a poucos quilómetros dos soldados chineses que ontem se colocaram em marcha para o pequeno país africano.

“É como ter uma equipa adversária de futebol a treinar no campo do lado”, explica o especialista americano em assuntos militares chineses, Gabriel Collins. “Eles podem espiar algumas das nossas jogadas. Por outro lado, a oportunidade também dá para ambos os lados.”

Washington está preocupada com operações de espionagem chinesas ao seu Camp Lemonnier, criado depois dos atentados do 11 de Setembro. E a base militar não é a única preocupação americana. O Djibuti está muito próximo do Iémen, onde os Estados Unidos realizam operações aéreas contra o satélite local da Al-Qaeda – os aviões e drones partem de Lemonnier –, e próximo, claro, de toda a África Oriental, onde os norte-americanos realizam também operações. No Aeroporto Internacional do Djibuti está também um pequeno destacamento de aeronaves militares japonesas, um dos mais importantes concorrentes regionais asiáticos – e um inimigo de há séculos de Pequim.

Para além das operações de espionagem, o Pentágono preocupa-se com o papel futuro que a base chinesa pode adotar, porventura recebendo navios de maior envergadura na região. “Nunca tivemos uma base de, digamos, um concorrente, tão próxima como esta vai estar”, diz o líder do comando americano em África – o general Thomas Waldhauser – à “Business Insider”. “Sim, há algumas preocupações operacionais e de segurança”, diz o general, sublinhando a importância de Lemonnier. “Considero-a importante para os Estados Unidos, até porque não é apenas o comando africano que a usa”, Waldhauser.