O leão como um macaco velho

Jorge Jesus quer, já se percebeu, uma equipa mais assente na experiência e na malandrice de jogadores batidos

Sorteio do campeonato realizado, com todas as manigâncias de condicionantes estúpidas que fizeram dele apenas um pró-forma dentro da política muito desta Liga de se vergar ao poder dos Três Grandes, tal como é a filosofia do seu presidente que, enquanto árbitro, em Portugal e na Europa foi um obediente cumpridor da regra do mais forte, e eis o futebolzinho lusitano em contagem decrescente para o primeiro jogo oficial da época, a Supertaça, coisa não muito de encher o olho mas, enfim, é o que se pode arranjar.

Caberá, portanto, a Benfica e a Vitória de Guimarães pôr em andamento a maquineta (e já ia a escrever geringonça) de uma organização carregada de problemas, muito pouco afinada nas suas necessidades de fabricar calendários à medida dos fregueses. E, lá pelos terrenos frescos da Suíça, a bola rola para águias e leões, já expostos à curiosidade ansiosa da crítica e à análise pormenorizada de uma imprensa que, definitivamente, não vive sem manchetes azuis, vermelhas ou verdes.

Percebe-se que, enquanto o Benfica aposta na continuidade – era o que faltava que assim não fosse! – e o FC Porto se sujeita aos apertos de um mercado que não há muito tempo dominava a seu bel-prazer, o Sporting vai abrir uma espécie de quarta república desde que o seu presidente assumiu o cargo.

Obcecado com a necessidade de um título de campeão que lhe permita manter-se ao leme de uma nau com muitos rombos no casco, Bruno Carvalho parece disposto a dar a Jorge Jesus tudo o que este pretende. E já se viu que a ideia de construir uma equipa com base na entrada de jovens jogadores portugueses, anteriormente anunciada, foi convenientemente posta na gaveta.

Convenhamos: sabemos todos que Jesus é um treinador que prefere ter ao seu dispor um grupo de gente experiente, com aquela malandrice que é, também, muita da sua imagem de marca. Entende-se, por isso, a filosofia do leão. Montar um conjunto que não trema como varas verdes de cada vez que os acontecimentos não têm pelas costas um vento favorável.

Há pressa em Alvalade.

Mesmo quando esta é, como diz o povo, muito má conselheira.

Os factos não se desmentem: não é possível olhar para trás.

O futuro é já aí!