Santini. “Va bene?”

Nasceu no Tamariz há perto de setenta anos, e rapidamente se tornou na gelataria portuguesa mais prestigiada e concorrida

Os gelados Santini chegaram a Portugal há mais de seis décadas, e desde então fazem as delícias dos portugueses, sobretudo residentes na área de Lisboa. Attilio Santini, o fundador da casa, abriu a sua primeira loja assim que chegou a Portugal, em agosto de 1949.

Antes disso tinha vivido em Valência, Espanha, onde tinha uma gelataria, e onde terá surgido o desafio, por parte do cônsul português, João Morais, de rumar à Linha do Estoril.

Foi assim que tudo começou, e que a loja de gelados Santini se tornou a grande moda da época e um local de peregrinação obrigatória. Cativou não só os residentes locais pelos seus deliciosos sabores e aromas diferentes, como membros de famílias reais da Europa, que na altura se encontravam exiladas na Linha do Estoril.

O espaço original acabou por fechar portas em 1961. “No início era um trabalho de verão e não poderia funcionar de outra forma, porque a certa altura fechávamos a loja”, disse Eduardo Santini, o herdeiro da marca, ao i em setembro de 2016.

A Santini mudou-se do Estoril para Cascais, onde em 1971 abriu uma loja na Avenida Valbom, que ainda hoje se mantém, servindo e satisfazendo as pessoas que, de certa forma, se tornaram clientes habituais, e outras que experimentam pela primeira vez os sabores “mágicos” da marca italiana. Seja verão ou inverno, os gelados são sempre bem servidos e, para os mais antigos, a saudade de um Santini antigo é relembrada ao levar uma colher de gelado de morango à boca.

Com a morte de Attilio Santini, alguns anos depois, foi Eduardo Santini, o seu neto, quem agarrou o negócio dos “melhores gelados de sempre”, e expandiu a marca, abrindo novas lojas, mas mantendo sempre a tradição inicial. Tudo tomou um “caminho natural”, garante, e não se imagina a fazer outra coisa na vida.

Mas afinal quais foram as principais mudanças que ocorreram ao longo dos sessenta e oito anos que passaram? “São mudanças muito ligeiras”, responde o neto do fundador. “Para já, tivemos de uniformizar a imagem das lojas. A loja antiga era fruto de muitos estilos, o que dificultava a uniformização das lojas. De resto, tudo muito igual: os mesmos ingredientes, os mesmos formulários, a mesma paixão…”.

Muitas novidades surgiram ao longo dos anos, e uma delas foi a entrega ao domicílio, que começou a ser feita há relativamente pouco tempo e que permite a qualquer cliente que tenha desejos de gelados Santini recebê-los em casa.

Apesar desta inovação e das novas tecnologias, os clientes continuam a preferir ir às lojas consumir os sabores originais. Os primeiros sabores não se esquecem, pelo qual Eduardo Santini garante manter “os mesmos ingredientes, o mesmo sabor. Tudo como no primeiro dia”.

“Não era muito comum aquele tipo de gelados, especialmente no eixo Cascais – Estoril”, continua. “Logo, a frescura, os ingredientes e o sabor foram a razão de as pessoas se apaixonarem pelo nosso gelado”.

Os primeiros a provar os sabores dos gelados Santini afeiçoaram-se à loja, à marca e ao fiel tratamento que sempre receberam, tendo-se tornado uma tradição a passagem pela loja para comer um gelado.

Os clientes, diz Eduardo, vão dos 8 aos 80 anos – os gelados não são só para os mais novos. Os sabores originais da marca satisfazem qualquer pessoa, em qualquer idade, a qualquer hora e a qualquer momento.

Em 2009 Eduardo Santini Fuertes juntou-se, em parceria, com Martim de Botton, que comprou 50% da gelataria italiana. A partir desse momento foram várias as novidades na marca, como o a abertura de novas lojas, de forma a equilibrar o negócio e de conseguirem chegar a um público muito maior.

Apesar de todo o crescimento e de as lojas continuarem a revolucionar o mundo dos gelados, os dois empresários mantêm a mesma linha: preservar a tradição, tendo sido este um dos pilares base para a parceria. “Fomos os primeiros a dizer que queríamos manter o negócio assim e uma das condições era manter a produção nos mesmos moldes que o meu avô fazia. Claro que acrescentámos alguns sabores”, declara Eduardo. Mas o ingrediente essencial – a frescura – mantém-se passados quase 70 anos.