Santana Lopes recusou convite para mandatário de Teresa Leal Coelho

O Provedor recusou o convite da candidata. Teresa Leal Coelho já pensa em Vala Rocha para número 2

Para Pedro Santana Lopes parece ser o ano dos ‘nãos’ ao PSD em Lisboa. Depois de dar resposta negativa ao convite do partido para ser candidato à Câmara Municipal, – obrigando os ‘laranjas’ a optar por Teresa Leal Coelho – Santana recusou agora um convite da própria para ser seu mandatário.

No entanto, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (um cargo de nomeação governamental, portanto hoje à responsabilidade do Partido Socialista) não deixou de comparecer na apresentação de Leal Coelho, ontem, sendo até motivo de graça.

“Há quem durma pouco porque os Pedros [Passos e Santana] existem”, atirou Teresa Leal Coelho na Fundação Champalimaud, que fica bem perto do Palácio de Belém, cujo inquilino tem fama de insónias.

Santana Lopes, sentada na primeira fila, viu também a vice-presidente do PSD e candidata a Lisboa reconhecer que era ele o favorito a estar ali. “Tenho de confessar que o PSD desejou, em primeiro lugar, que fosse Pedro Santana Lopes”, revelou Leal Coelho, para quem teria sido “uma grande honra” que Santana “concorresse e ganhasse”. “Como eu vou concorrer e ganhar”, atirou a social-democrata, sem medo.

A apresentação, que também contou com a presença de José Eduardo Martins, que é número 1 à Assembleia Municipal, e de Luis Montenegro, no seu primeiro dia como ex-líder de bancada, escutou Passos a desejar “boa a sorte, senhora Lisboa”, em trocadilho com o slogan de Leal Coelho. E também no discurso de Passos houve lugar para súbtis ‘indiretas’.

Ventura ainda presente

É que na comissão política nacional do PSD, reunida na véspera, Teresa Leal Coelho fora criticada internamente por ter atacado o candidato do partido a Loures. André Ventura criara polémica ao afirmar que a comunidade de etnia cigana se julga “acima do Estado de Direito” e Leal Coelho emitira um comunicado, sem prévia consulta a Passos Coelho, acusando Ventura de discriminação.

Passos, na apresentação, sobrevoou o tema. Caracterizando a sua vice-presidente de partido e candidata a Lisboa, disse vê-la com “um grande cosmopolitismo e uma grande abertura, quer a ideias novas, quer ao mundo”. E depois a achega: “Às vezes até a forma rápida e impetuosa com que reage às coisas. E isso é bom, isso é bom”, considerou Passos, causando sorriso na candidata sentada diante de si, que saberia com certeza a que se referia.

“Ela é uma pessoa extremamente genuína, bem preparada e com uma visão alargada do mundo”, elogiou também.

O local diz coisas

O i sabe que a localização da apresentação não foi arbitrária. A Fundação Champalimaud, dirigida por Leonor Beleza, não serviu somente de anfitriã à apresentação da candidatura de Teresa Leal Coelho. Beleza também presidirá à Comissão de Honra da candidatura.

Leal Coelho apresentou também os seus 24 candidatos a presidentes de junta de freguesia, não sendo apresentados nomes à Assembleia Municipal nem à lista de vereadores. Ao que o i apurou, no entanto, o nome que vem ganhando força como número 2 na vereação de Leal Coelho é Sofia Vala Rocha, hoje deputada municipal. O discurso de José Eduardo Martins, antigo crítico de Passos e distante da direção nacional, não passou na página do partido, ao contrário dos restantes.