Loures: o momento em que António Costa perdeu a noção do ridículo

1.Vivemos um tempo que é excessivamente abundante em polémicas fabricadas meticulosamente pela máquina de propaganda socialista e comunista. É um tempo novo repleto de casos e casinhos. Tudo com um único objectivo: distrair os portugueses dos verdadeiros problemas da governação do país, maquilhar a olímpica incompetência de António Costa.  A máquina de propaganda está mais…

1.Vivemos um tempo que é excessivamente abundante em polémicas fabricadas meticulosamente pela máquina de propaganda socialista e comunista. É um tempo novo repleto de casos e casinhos. Tudo com um único objectivo: distrair os portugueses dos verdadeiros problemas da governação do país, maquilhar a olímpica incompetência de António Costa.

 A máquina de propaganda está mais atenta e ágil do que nunca – qualquer facto, qualquer declaração política oriunda da ala política moderada (isto é, que não provenha do PS, do PCP ou do Bloco de Esquerda) é encarada como um ultraje, uma “ofensa aos princípios constitucionais”, um “ atentado contra a dignidade da pessoa humana”, um “insulto a uma parte dos portugueses. Por mais variadas que possam ser as qualificações, a conclusão é sempre a mesma: a culpa é do Passos Coelho ou Passos Coelho está a desonrar a democracia portuguesa.

2. Morrem 64 pessoas, em grande parte, devido a erros crassos imputáveis à organização (ou falta dela) da máquina administrativa? É assaltado material militar em Tancos? Estes acontecimentos – incómodos para o Governo de PS, de Bloco de Esquerda e PCP – não passam de fait divers – afinal de contas, foram só (!?) 64 pessoas num universo de 10 milhões e o material de guerra já estava fora do prazo.

O PS de António Costa – convicto que é titular de um direito divino a governar – não tem de prestar explicações a ninguém: o Primeiro-Ministro é o salvador da Pátria que não comete qualquer erro. É a velha máxima absolutista de que “the king can do wrong”, o rei nunca se engana. O nosso rei socialista Costa também nunca se engana: ele é um génio; os seus concidadãos encontram-se num estádio civilizacional inferior, devendo dar graças por um ser tão brilhante quanto António Costa se predispor para nos liderar.

3.Em condições normais, as declarações de André Ventura – comentador de assuntos futebolísticos, adepto do Sport Lisboa e Benfica, e candidato do PSD à Câmara Municipal de Loures – passariam despercebidas ou limitadas às encenações habituais (tão folclóricas quanto inconsequentes) do Bloco de Esquerda. Desta feita, porém, as declarações de um candidato à Câmara Municipal de Loures (com todo o respeito que temos pelo concelho e pelos seus munícipes, que é enorme e total) mereceram uma dimensão nacional inigualável – merecendo até uma conferência de imprensa na sede nacional do PS, protagonizada pela número dois do partido (Ana Catarina Mendes).

Ou seja: o PS mete a mulher do seu aparelho a entrar em polémica directa com o candidato do PSD à Câmara Municipal de Loures! Como se não bastasse o nosso querido líder António Costa surgiu à noite, em apresentação de um candidato do PS a uma autarquia local, a verberar contra o “PSD racista”, o “PSD discriminatório”, o “PSD que ofende as minorias? A sério, Costa? Já perdeu completamente a noção do ridículo?

4.Vamos então à pergunta que se impõe: como explicar a reacção tão epidérmica da esquerda às declarações de André Ventura? Fácil: é uma manobra de diversão fantástica para António Costa.

Qualificar as posições do candidato do PSD a Loures como “racistas” ou “xenófobas” (o que mostra uma ignorância atroz do significado de ambos os conceitos) permite preencher o espaço mediático (minutos na televisão, páginas nos jornais) com um não assunto – escondendo ou eliminando o impacto das fragilidades da Ministra da Administração Interna e do Ministro da Defesa, a ida de Costa para Palma de Maiorca, as nomeações de boys socialistas para lugares de comando na Protecção Civil em altura crítica, a desorganização completa nos serviços do Estado imputáveis a decisões do presente executivo de aumentar, para fins eleitorais, o peso dos sindicatos e de algumas clientelas de que depende o poder socialista, bem como as divergências( surdas e ainda mudas) entre os partidos do Governo quanto às prioridades do próximo Orçamento de Estado.

5.António Costa limitou-se, pois, a criar um facto político para fazer esquecer os factos. Os factos são a tragédia de Pedrógão Grande, a ameaça de novos incêndios em Portugal e a incapacidade do Estado em responder a tais eventos, para além do roubo de material militar de Tancos, que é um ataque directo à autoridade do Estado.

O facto político – isto é, o facto criado pelos políticos, contra ou mesmo apesar da factualidade real – é o racismo do PSD (desculpe, não consigo conter a gargalhada sempre que escrevo estas palavras!). Perder tempo com os factos políticos de António Costa, é servir os seus interesses e as suas inconveniências. E é fazer esquecer os interesses e as conveniências de Portugal e de todos os portugueses. Pelo menos, daqueles que não vivem da e pela política.

Como é incrível que a geringonça já permitiu que o Bloco de Esquerda – que não vale sequer 10% do eleitorado português e é um partido extremista por natureza, embora moderado por conformismo e gosto pelos prazeres da vida – consiga dominar os media mainstream , influenciado as suas escolhas editoriais e as suas prioridades!

6.Posto isto, quanto ao conteúdo das declarações de André Ventura, pese embora a sua formulação tenha sido um pouco atabalhoada, elas representam uma preocupação real de muitos portugueses em alguns municípios. Toda a discriminação, seja fundada em que critério  arbitrário for, deve ser combatida sem tréguas: contudo, o princípio da não discriminação não pode significar a isenção ao cumprimento da lei ou a erosão tolerada da autoridade do Estado.

A não discriminação convive, num Estado democrático de Direito fundado na Constituição, com outros valores societários como a segurança e a ordem pública. Nem a pertença a uma minoria étnica ou racial pode ser razão para “criminalizações criminosas”  ou tratamentos diferenciados arbitrários – nem poderá significar, da mesma forma, impunidade ou tratamentos de privilégio, mesmo que se traduzam apenas na não aplicação da lei democraticamente aprovada.

7.Libertemo-nos da ditadura do politicamente correcto: há um problema real de integração da comunidade cigana na sociedade portuguesa, que é justificada por uma multiplicidade de factores – os quais urgem resposta rápida e adequada. Mas estes problemas não justificam a vida à margem do Direito adoptada por muitos cidadãos, incluindo cidadãos que pertencem a comunidades ciganas.

 Há dias um agente da Polícia contou-nos que num certo bairro de Lisboa, em que o disparo de tiros é uma prática diária, a presença das autoridades do Estado é reduzida e irregular justamente porque os próprios agentes sentem medo. Medo das circunstâncias de violência que lá encontram – como também (ou sobretudo) medo das consequências da sua acção ou reacção.

8.E se o problema da integração das comunidades ciganas é tão importante para António Costa e para a extrema-esquerda, por que razão não aprovaram uma única medida nesse sentido ou tão só um discurso que evidenciasse  esta sua prioridade? Por uma razão simples: é que António Costa está-se nas tintas para os ciganos ou para qualquer outra comunidade.

Nem tão pouco quer saber da segurança dos portugueses – Costa apenas está preocupado com a sua popularidade e com a conservação do seu poder pessoal. Hoje, convém a Costa alinhar pelo discurso do “anti-racismo” (meu Deus, quão patética é esta acusação?); se amanhã for eleitoralmente pagante criticar os ciganos, António Costa fá-lo-á com a mesma cara e com a mesma falta de vergonha!

9.Enfim, Passos Coelho mostrou firmeza e convicção na manutenção do apoio do PSD a André Ventura – pessoa inteligente, muito dinâmica, sensata e com um futuro político que poderá ser muito promissor. Precisa apenas de separar de vez a política do futebol, como nós já escrevemos aqui no SOL (não por acaso os críticos do CDS a André Ventura, pelo menos os mais sonoros, têm em comum a sua qualidade de sócios do Futebol Clube do Porto e um é mesmo amigo de Francisco J. Marques…). O PSD vai ter um resultado em Loures muito animador…

joaolemosesteves@gmail.com