Altice. Governo “não vê a importância” do investimento

Cofundador da Altice acredita que, mesmo assim, não irão existir “muitos problemas” para a concretização da compra da Media Capital

“Não deve haver muitos problemas” para a concretização do negócio da compra da Media Capital SGPS, SA, que detém a “TVI”. A garantia foi dada pelo cofundador da Altice, Armando Pereira. Ainda assim, admitiu que o governo português “não facilita as coisas” ao grupo francês.

“Muitas vezes o governo português não vê essa importância. Mas nós não fazemos política. Somos industriais e só vemos uma coisa que é importante: fazermos um trabalho e dar trabalho aos portugueses”, afirmou ontem na inauguração do segundo call center da empresa em Vieira do Minho.

O grupo francês anunciou na semana passado que tinha chegado a acordo com a Prisa para comprar a Media Capital por 440 milhões de euros. Um negócio que vai ter de receber o parecer da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), cujo caráter é vinculativo. No entanto, o parecer final sobre o negócio caberá à Autoridade da Concorrência.

Nesse mesmo dia, os analistas do BPI diziam que a operação poderá enfrentar “entraves políticos”. “Depois dos comentários do primeiro-ministro, António Costa, relativamente à Altice, acreditamos que possam existir barreiras políticas para a conclusão deste negócio por parte da Altice“, afirmou Pedro Oliveira, analista do BPI. A análise refere que a aprovação dos reguladores pode atrasar o negócio, principalmente se for feita uma “investigação aprofundada”.

Mercado mexe

Se a operação sempre avançar irá inevitavelmente ter consequências no mercado. O cenário mais provável em cima da mesa para fazer face a este negócio poderá passar por uma resposta da NOS junto da Impresa. Ainda esta semana, a dona da “SIC” pronunciou-se pela primeira vez sobre o negócio, afirmando que está “confiante” que os reguladores terão em conta os princípios de concorrência leal e de pluralismo dos media quando se pronunciarem sobre a compra da Media Capital pela Altice e lembrando ainda que sempre foi a favor “da concorrência leal num mercado que funcione de forma sã, bem como do pluralismo na comunicação social”.

Já o CEO da operadora de telecomunicações, Miguel Almeida, admitiu há meses que não iria ficar de braços cruzados caso a Altice comprasse a Media Capital. “Se a Altice comprar a TVI e os reguladores não fizerem nada, haverá guerra”, revelou em dezembro passado. A operadora, para já, ainda não admitiu o que irá fazer nem deu qualquer indicação depois de ter apresentado ontem os resultados referentes ao segundo semestre.

A operadora apresentou lucros de 40,4 milhões de euros, o que representa um aumento de 13,9% face ao ano passado. Este resultado deve-se ao crescimento que foi verificado em todas as áreas de negócio. De abril a junho, a NOS gerou 388,4 milhões de euros de receitas de exploração com o negócio de telecomunicações a representar quase a totalidade do valor: 368,8 milhões de euros.

Portugal O défice na zona euro baixou para 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre. O organismo europeu de estatística diz ainda que os dados do défice para o 1º primeiro trimestre português, que apontam para um valor de 0,5%, “não incluem qualquer impacto da recapitalização da Caixa” e remete uma decisão sobre o assunto para setembro.

Portugal O endividamento das administrações públicas, empresas e famílias atingiu um novo máximo em maio – 724,4 mil milhões de euros, revelam os dados do Banco de Portugal (BdP). Já em abril tinha atingido máximos. O endividamento do setor público aumentou 700 milhões de euros, para 315,9 mil milhões de euros, enquanto no setor privado o aumento foi de mil milhões de euros para 408,5 mil milhões.

Portugal O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários revelou que a administração do Santander Totta prometeu a integração dos trabalhadores do banco Popular e da sociedade de fundos de investimento Primestar até final do ano. O Santander, que adquiriu o Popular em junho passado, garantiu ainda que não vai avançar com nenhum despedimento coletivo.

Portugal As famílias que mudaram para o mercado livre de eletricidade vão poder agora regressar ao regime regulado com a aprovação da proposta do PCP, que contou com os votos favoráveis do PS e do Bloco de Esquerda. Esse regresso poderá ser feito durante o período em que este regime regulado vigore, ou seja, até 2020. Estava previsto o prazo terminar em 2017, mas foi prolongado por três anos.