Deputados do PSD reúnem com associação das mulheres ciganas

Fernando Negrão visitou associação da etnia em semana polémica para o partido

Na semana em que o Partido Social Democrata se viu mergulhado em polémica devido a uma entrevista ao i do seu candidato à Câmara de Loures, dois deputados ‘laranjas’ resolveram ir conhecer mais de perto a realidade da comunidade cigana em Portugal.

Depois da tormenta política causada pelas afirmações de André Ventura, dizendo que “a etnia cigana tem que interiorizar o manual do Estado de Direito”, merecendo acusações de todos os quadrantes, incluindo de pessoas do PSD, partido que apoia a sua candidatura, deputados sociais-democratas visitara, a seu pedido, a AMUCIP, Associação Para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas.

Rubina Berardo, do PSD/Madeira, e Fernando Negrão, ex-ministro e hoje coordenador parlamentar para a Justiça, foram ontem recebidos na sede da associação, no Seixal.

Terça-feira, Pedro Passos Coelho manteve o apoio do partido à candidatura de André Ventura, destacando que “o PSD é um partido de tradições plurais, que teve sempre respeito pelas minorias” e que “isso não está em causa nem nesta campanha nem em Loures”.

“Estamos tranquilos quanto à nossa posição não racista e não xenófoba”, assegurou Passos, sendo que André Ventura não retirou nenhum das suas afirmações iniciais.

Contactada pelo i, a deputada social-democrata Rubina Berardo esclareceu que a visita teve em conta o facto de tanto se ter falado da comunidade cigana nos últimos dias. “Fomos ouvir aqueles que trabalham para melhorar a vida destas comunidades e a sua integração em Portugal”, adianta a parlamentar madeirense.

A associação AMUCIP realiza há 17 anos um trabalho intenso para o desenvolvimento das crianças e mulheres ciganas em Portugal, tendo o duplo objetivo de simultaneamente as capacitar por via da educação e de melhorar o conhecimento da restante sociedade portuguesa sobre a cultura cigana.

“As dirigentes da associação alertaram-nos tanto para a persistência de muitos preconceitos sobre a etnia cigana em Portugal, bem como para os desafios que ainda persistem para a real capacitação da mulher cigana. A melhor rota para a inclusão será sempre através da escola – seja na formação dada à comunidade cigana, seja na desconstrução de mitos junto do resto da sociedade portuguesa”, disse Rubina Berardo.

Para a deputada, “numa sociedade democrática só se fomenta a integração falando com as comunidades e ouvindo quem está no terreno, procurando sempre a construção de uma sociedade mais coesa na sua diversidade”.

Esta semana, a vice-presidente do PSD e candidata a Lisboa Teresa Leal Coelho também falara na necessidade de manter um discurso em que “a diversidade e a multiculturalidade” sejam “respeitadas e celebradas”. Criticando a posição do candidato do seu partido em Loures.