Figura da Semana. António Costa, um bombeiro que gosta de dar gás à polémica

Durante largos dias ninguém pôde ver a lista de mortos dos incêndios de Pedrógão Grande mas o primeiro-ministro descobriu que não tinha sido assim. Desnorteado, António Costa disparou em todas as direções…

Figura da Semana. António Costa, um bombeiro que gosta  de dar gás à polémica

O primeiro-ministro ainda não se recompôs das férias que tirou nas ilhas baleares espanholas e os sorriso e os afetos do passado deram lugar a um azedume evidente. É certo que tem tido razões de sobra para estar preocupado. Afinal, desde que os números saíram de cena – ninguém quer ouvir falar de défice e de troika, as matérias onde o Executivo tem nota positiva – que há outra vida para lá das contas. E o que se viveu não foi bom para ninguém.

Ao trágico incêndio de Pedrógão Grande – onde morreram oficialmente 64 pessoas de causas diretas dos fogos e onde se investigam mais vítimas de causas indiretas – seguiu-se o roubo de armamento do paiol de Tancos. Tendo António Costa ido de férias quando rebentou este escândalo, já que tinha informações fidedignas que o material roubado não teria ido parar às mãos de terroristas, o primeiro-ministro foi surpreendido no regresso com a gravidade do roubo. Mesmo assim, Costa convidou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas a dar uma conferência de imprensa que deve ter sido das mais hilariantes da vida política portuguesa.

O chefe das Forças Armadas desvalorizou o roubo, disse que o material desaparecido estava obsoleto, e que não via razões para tanto alarmismo. Surpreendentemente, o mesmo comandante dias depois veio afirmar que nunca tinha dito que o material roubado estava obsoleto. Podia parecer um sketch de Raul Solnado como o lembrou Ana Sá Lopes no jornal i, mas não é. É a pura realidade e passou-se em Portugal. País que viu uma lista de mortos, no caso de Pedrógão Grande, estar em segredo de Justiça, mas que afinal não esteve, segundo as palavras do primeiro-ministro. Isto depois de os seus ministros reafirmarem que a lista não podia ser revelada e de os próprios peritos contratados pelo Governo para fazerem o seu trabalho no terreno não terem tido acesso a ela.

Mas Costa não se enganou só nessa matéria, também disse que a fase Charlie, aquela em que todos os meios são disponibilizados para a suposta época de incêndios, entrou em vigor a 1 de julho, quando na realidade entrou a 22 de junho, devido aos incêndios de enormes proporções que afetavam o país. O desnorte é tão evidente que teve de citar o Presidente da República, que na véspera tinha dito que só em ditadura é que se escondia o número de mortes provocados por tragédias. Uma semana para esquecer.