Dívida pública portuguesa aumenta em junho para quase 250 mil milhões de euros, um novo máximo

Depois de ter baixado 200 milhões de euros em maio, a dívida regressou aos aumentos mensais

A dívida pública portuguesa aumentou 1,8 mil milhões de euros em junho para 249,1 mil milhões de euros, um novo máximo. A dívida regressou aos aumentos mensais depois de ter baixado 200 milhões de euros em maio e, desde o final de 2016, aumentou oito mil milhões de euros. Comparando com junho do ano passado, o aumento do valor da dívida pública supera os 9,2 mil milhões de euros.

De acordo com dados do Banco de Portugal (BdP) revelados ontem, a variação em junho foi resultado de uma emissão líquida de títulos de dívida num montante superior à diminuição no valor dos empréstimos à República Portuguesa, nomeadamente uma nova amortização antecipada ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Esta variação reflete emissões líquidas de títulos de 2,9 mil milhões de euros e uma diminuição de empréstimos de 1,3 mil milhões de euros, essencialmente por via do reembolso antecipado de empréstimos do Fundo Monetário Internacional (1,0 mil milhões de euros)”, lê-se no comunicado do BdP.

No mês de julho, Portugal fez um novo reembolso ao FMI – no montante de 1750 milhões de euros –, o que torna expetável uma nova descida da dívida pública no mês passado.

Os dados do banco central mostram ainda que os ativos em depósitos da administração central aumentaram 0,5 mil milhões de euros e que a dívida líquida destes depósitos subiu 1,3 mil milhões de euros em relação ao mês anterior, totalizando 229,4 mil milhões de euros.

Apesar de junho ser final de trimestre, o BdP não revela o peso da dívida pública no produto interno bruto (PIB) dado que o Instituto Nacional de Estatística (INE) só a 14 de agosto irá divulgar as contas do segundo trimestre.

PIB atenua aumento nominal

No primeiro trimestre, o endividamento público estava em 130,5% do PIB, abaixo do recorde de 133,1% atingido no terceiro trimestre do ano passado. O forte crescimento da economia nacional – segundo o INE, o PIB cresceu 2,8% no primeiro trimestre – poderá atenuar o efeito do aumento do valor nominal da dívida.

Na segunda-feira, em entrevista ao jornal online “ECO”, a presidente do IGCP, a agência que gere a dívida pública, assumiu que o valor nominal da dívida pública não deverá cair este ano, mas que o rácio face ao PIB deverá aliviar.

“Este ano, as previsões apontam para uma queda do rácio da dívida pública. O rácio depende de três fatores: défice, crescimento do PIB e taxa de juro. Em todos os casos, a evolução tem sido favorável”, afirmou Cristina Casalinho, que sublinhou o impacto positivo do crescimento económico acima das previsões.