Há outro Sousa para a Taça Davis

Na Taça Davis, o ranking  é só um dos muitos fatores que um selecionador leva em consideração na atribuição da titularidade

Do regresso de João Sousa aos bons resultados, sobretudo em terra batida, é uma boa notícia para o selecionador nacional Nuno Marques, que bem precisa que o n.º 1 português esteja em forma para que Portugal possa ter a hipóteses de superar a poderosa Alemanha no play-off de acesso ao Grupo Mundial da Taça Davis, que decorrerá no Estádio Nacional, de 15 a 17 de setembro.

O melhor tenista português de sempre vai retornar ao top-60 do ranking mundial na próxima segunda-feira e daqui a um mês e meio deverá, uma vez mais, ser o líder da equipa.

Já a questão de quem será o n.º 2, que nem fazia sentido levantar-se no último ano e meio, poderá agora suscitar dúvidas em Nuno Marques, na medida em que Gastão Elias, 171.º classificado no ranking desta semana, passou a ter um rival sério no seu amigo de infância Pedro Sousa, que ascendeu ao 143.º posto do ATP World Tour.

Aos 29 anos, depois de múltiplas e graves lesões, e também, reconheça-se, alguma instabilidade emocional, Pedro Sousa entrou pela primeira vez no top-150 mundial na segunda-feira, uma semana depois de ter-se tornado pela primeira vez n.º 2 nacional.

É previsível que esta hierarquia se mantenha quando defrontarmos a Alemanha dos irmãos Zverev, Kohlschreiber e sabe-se lá quem mais, pois trata-se de uma nação com cinco top-60 ATP – Struff e Mayer são os outros.

No entanto, na Taça Davis, o ranking é só um dos muitos fatores que um selecionador leva em consideração na atribuição da titularidade. 

A condição física em encontros à melhor de cindo sets, a confiança, a conjugação dos estilos de jogo e das personalidades dos nossos jogadores com os dos adversários, a necessidade de manter frescos os jogadores de pares e de singulares, a capacidade de reação aos momentos de pressão única que só existem nesta competição, o rendimento no estágio nos dias anteriores – tudo isto conta.

Conversei com vários treinadores que trabalharam com Pedro Sousa, todos antigos jogadores da seleção nacional, a começar pelo seu pai, Manuel Sousa, João Cunha e Silva, Bernardo Mota e Pedro Cordeiro, este último também ex-capitão do jogador na Taça Davis.

Nenhum se mostrou surpreendido pela sua estreia no top-150, todos asseguram que tem potencial para ir ao top-100 ou até mais longe e todos concordaram que este sucesso deveria ter acontecido mais cedo, mas que ainda não é tarde aos 29 anos.

Pedro Sousa ou Gastão Elias a titular frente à Alemanha? Como me disse João Cunha e Silva, «é uma boa dor de cabeça para o capitão» e voltarei a este tema.