Consumo de ventoinhas e aparelhos de ar condicionado aumenta nos meses mais quentes

A justificar o aumento da procura destes equipamentos está a subida das temperaturas, sobretudo naqueles que são os meses mais quentes do verão

Quando o calor se faz sentir em Portugal disparam as vendas de aparelhos de ar condicionado e de ventoinhas. O setor fala em recuperação e sublinha que o aumento da procura não é uma situação nova. A trajetória ascendente no número de vendas já se tinha verificado no ano passado.

Ouvida pelo i, fonte da Worten explica que “todos os anos há mais vendas deste tipo de produtos nos meses mais quentes. A maior procura regista-se de uma forma geral. Há mais compras, quer em loja, quer através das plataformas digitais”. Também no Jumbo costuma haver um aumento da procura durante os meses mais quentes. Em agosto do ano passado, por exemplo, foi registado um “crescimento significativo [de aparelhos] de climatização”, de 150% em ventilação e ar condicionado. O mesmo aconteceu na Worten, que vendeu mais do que o dobro por comparação com 2015, registando um crescimento de 140%.

O i tentou contactar outras lojas de eletrodomésticos que vendem este tipo de aparelhos, mas não obteve resposta. No entanto, de acordo com um estudo recente da Informa D&B, o mercado ibérico de equipamentos de ar condicionado voltou a crescer novamente nos anos de 2014 e 2015, após seis anos consecutivos em queda.

Os dados de um estudo setorial sobre equipamentos de ar condicionado no mercado ibérico apontam mesmo para um crescimento das vendas acima dos 20%, para 1015 milhões de euros.

De acordo com a análise feita, nos dois anos em questão, o mercado espanhol cresceu 22% para 898 milhões de euros, enquanto o português cresceu 6,4%, valendo 117 milhões de euros. E esta tendência tem-se mantido. No mês de julho do ano passado – o segundo mais quente desde 1931 –, a venda destes produtos disparou mais de 100%. Só a Worten garantiu que a procura “mais do que duplicou por comparação com julho de 2015, registando um crescimento de 140%” – um aumento da procura que se justifica com o calor que se fez sentir em todo o país e que já fazia parte das estimativas deste setor. A perspetiva é de que a procura vai continuar a aumentar. De acordo com os dados da Informa D&B, “no biénio 2016-2017 também são de prever novos aumentos do valor do mercado, num contexto de evolução favorável do consumo das famílias, uma retoma da atividade no setor da construção e o aumento do investimento das empresas”.

Para estas previsões muito tem contribuído o facto de as vagas de calor serem cada vez mais frequentes. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o mês de julho de 2016 ficou marcado por temperaturas máximas e mínimas muitos superiores às normais para o mês em questão. Segundo os dados do organismo, o valor médio da temperatura do ar durante o mês passado foi de 24,33 graus, mais dois graus em comparação com o valor médio registado entre 1971 e 2000.

Este ano, o calor também se tem feito sentir, com a Europa a sofrer com temperaturas particularmente altas. Giovanni Forzieri, autor de um estudo publicado na revista “The Lancet Planetary Health”, diz que “o aquecimento global é uma das maiores ameaças do séc. xx”.