Oeiras. Justiça decide futuro de Isaltino

Candidato vai conhecer hoje a decisão do tribunal. Isaltino e Paulo Vistas trocaram acusações sobre decisão da justiça

Foi candidato, há quatro anos, à câmara de Oeiras pelo PSD. Como é que comenta esta decisão da justiça?Isaltino Morais vai conhecer hoje a decisão do tribunal sobre se pode ou não candidatar-se à câmara de Oeiras. O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste rejeitou, na terça-feira, a candidatura do ex-autarca. Isaltino Morais recorreu e garante que “cumpriu escrupulosamente a lei”.

Os dias seguintes à decisão do juiz, que rejeitou a candidatura devido a problemas relacionados com as assinaturas, foram marcados por uma troca de acusações entre Isaltino e o atual presidente da câmara de Oeiras e seu ex-número dois Paulo Vistas, Pelo caminho, Isaltino colocou em causa a imparcialidade da justiça e revelou que “Paulo Vistas é padrinho de casamento do juiz” Nuno Cardoso. “Não queremos crer que esta rejeição possa ter sido influenciada por relações de amizade ou familiares que ligam o senhor juiz Nuno Cardoso ao candidato Paulo Vistas”, afirmou.

O presidente da câmara de Oeiras e recandidato não ficou fora da polémica. Admitiu que “foi um dos padrinhos de casamento” do juiz, mas garantiu que Isaltino também o conhece do “mesmo sitio”, porque Nuno Cardoso foi militante do PSD. “Fez parte da comissão política do PSD/Oeiras, da qual o doutor Isaltino era presidente da assembleia de militantes”.

Inquérito

As denúncias feitas por Isaltino levaram o Conselho Superior da Magistratura a abrir um inquérito sobre a alegada relação entre o juiz e Vistas. Isaltino reagiu em comunicado a esta decisão e revelou que “a mulher do Juiz Nuno Cardoso (…) trabalha, desde o mês de maio deste ano, no laboratório dos Serviços Intermunicipalizados de Oeiras e Amadora, aprofundando a perplexidade da teia de relações entre as partes desta história”. O tribunal vai ainda decidir o futuro da independente Sónia Amado Gonçalves que se candidata à câmara de Oeiras pelo “movimento Resnascer Oeiras 2017”.

JUIZ DEVIA PEDIR ESCUSA

Marques Mendes – que quando era líder do partido vetou a candidatura de Isaltino pelo PSD – defendeu que o juiz Nuno Cardoso devia ter pedido escusa. “Tem uma relação pessoal e política muito grande com Paulo Vistas. O que o juiz devia ter feiro era pedir escusa de intervir neste processo. Quando há um conflito de interesses, o juiz deve pedir escusa”.

No seu habitual comentário na SIC, Marques Mendes mostrou-se convicto de que Isaltino Morais pode vir a “beneficiar” politicamente da decisão da justiça, porque esta situação “veio fazer dele uma vítima”.

Para o comentador político e ex-líder do PSD, se Isaltino Morais conseguir candidatar-se “a sua campanha eleitoral vai ser um passeio” e vai ter “um bom resultado”. Se a justiça impedir Isaltino de avançar nestas autárquicas “ficará sempre a sensação de que ele foi afastado por um golpe de secretaria”.

A justiça vai decidir ainda o futuro de outros candidatos nos próximos dias. O candidato do PSD à câmara do Porto, Álvaro Almeida, apresentou nove pedidos de impugnação das listas de Rui Moreira. O social-democrata quer que o tribunal possa avaliar “a legitimidade do símbolo e da sigla das várias candidaturas”.

PS PODE PERDER CANDIDATO

Em Ourém, a candidatura do PSD/CDS pediu a impugnação candidatura do atual presidente da câmara e recandidato Paulo Fonseca. O Tribunal de Santarém confirmou, recentemente, que candidato do PS continua insolvente. Uma situação que pode deixar o PS sem candidato, já que a Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais impede as candidaturas de “falidos e insolventes”. O PS garante, porém, que os “seus candidatos estão tranquilos e cientes da razão que os assiste e, assim, promoverá as necessárias diligências para o demonstrar perante o tribunal, no qual confia”.

O conflito interno entre os socialistas de Matosinhos também vai acabar na justiça. O presidente da concelhia, Ernesto Páscoa, argumenta que o processo de elaboração das listas viola os estatutos. “Podem ser listas com sigla PS mas foram impostas pela estrutura distrital”, disse Ernesto Páscoa ao jornal “Público”. O pedido segue esta semana para a justiça.