Portugueses e alemães com as garras de fora

Uma vitória será o maior feito na história do ténis nacional, mas não há razões para euforias. Embora jogue em casa, Portugal não é favorito

A semana passada foi positiva para a confiança dos jogadores portugueses que disputarão o play-off de acesso ao Grupo Mundial da Taça Davis, de 15 a 17 de setembro, no Estádio Nacional.

João Sousa atingiu na Áustria a sua segunda final do ano e a nona da carreira em torneios do ATP World Tour (a primeira divisão mundial). O trabalho que tem vindo a fazer teria de dar frutos mais tarde ou mais cedo e foi finalista sem ter sequer jogado o seu melhor, mas mostrando muita força de vontade.

Pedro Sousa conquistou na República Checa o seu segundo título do ano e da carreira em eventos Challenger (a segunda divisão) e só Gastão Elias perdeu na primeira ronda da qualificação em Kitzbuhel, mas, entretanto, esta semana já deu um arzinho da sua graça num Challenger na Colômbia.

É muito importante que os bons resultados continuem a aparecer nas próximas semanas, elevando o moral da Seleção nacional.

Até mesmo os bons resultados nos Futures ajudam e no domingo o campeão nacional João Monteiro venceu o Porto Open, o seu quarto troféu da carreira e o terceiro este ano da categoria Future (a terceira divisão).

Quem acompanha regularmente esta coluna semanal de ténis no SOL recordar-se-á que há umas semanas chamei a atenção para a quantidade inédita de vitórias de portugueses numa única época no circuito profissional e só há pouco passámos metade da temporada.

É natural que a expectativa vá aumentando. É apenas a segunda vez na história das participações portuguesas na Taça Davis (que remonta a 1925) que vamos entrar num play-off para o Grupo Mundial (o escalão principal deste Mundial do ténis entre países), tendo sido a outra em 1994.

Uma vitória será o maior feito na história do ténis nacional mas não há razões para euforias e embora joguemos em casa não seremos favoritos. Não é habitual um país estar no Grupo Mundial com apenas um jogador (João Sousa) no top-100 do ranking mundial e neste momento nem está entre os 50 primeiros.

Portugal vai defrontar a poderosa Alemanha, com cinco atletas nos 100 primeiros do Mundo, incluindo um top-10, Alexander Zverev, que este ano já leva quatro torneios ganhos no ATP World Tour, o último dos quais na última semana, em Washington.

E atenção que o jogador que derrotou João Sousa na final de Kitzbuhel é o alemão Philipp Kohlschreiber.

Portanto, se a semana passada foi boa para o ténis português, correu ainda melhor para o ténis alemão.

O selecionador nacional, Nuno Marques, terá de ser criativo para termos algumas hipóteses. Voltarei ao tema.