Isaltino Morais e Paulos Vistas: os amigos da Câmara

Foram unha com carne e mesmo quando um foi forçado a passar uma temporada na cadeia a amizade não esmoreceu. O pior surgiu depois e esta semana trocaram galhardetes de homens traídos.

Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades – já diz o ditado popular – e o que se passou esta semana em Oeiras é bem o exemplo disso. Se fosse um filme de comédia até dava para rir, embora o mesmo fosse amarelo. É que o espetáculo é triste demais e não dignifica ninguém. Mas vamos à história. Num passado não muito distante havia dois personagens que se davam lindamente e mesmo quando um deles teve de ir passar umas férias a uma cadeia a amizade manteve-se. Um deixou a presidência da Câmara de Oeiras, rumando à tal cadeia, e o outro sucedeu-lhe na cadeira.

Mesmo na hora da vitória, o novo presidente não se esqueceu do velho e mandou-lhe um forte abraço quando subiu ao palco na noite da vitória.

Coincidência ou não, os protagonistas começaram a afastar-se depois de Paulo Vistas se instalar de armas e bagagens na câmara. Isaltino Morais que estava na prisão não deve ter achado grande piada ao distanciamento do seu ex-amigo e assim que deixou as grades para trás começou a preparar o terreno para fazer o assalto à câmara onde esteve vários anos com aplausos da população local. 

Agora, em vésperas das eleições autárquicas, os dois apresentaram as suas candidaturas, mas a de Isaltino foi chumbada por um juiz que alegou irregularidades na recolha de assinaturas. O antigo dono da cadeira de Oeiras ficou com 48 horas para contestar a decisão do tribunal, mas antes do tempo terminar decidiu dar uma conferência de imprensa onde explicou que o responsável pelo chumbo da sua lista é, afinal, afilhado de casamento de Paulo Vistas. A juntar a esse facto, Isaltino falou ainda no emprego da mulher do juiz que trabalha para a câmara presidida por Vistas.

Este, por sua, vez, também deu uma conferência de imprensa a acusar Isaltino de descer a um nível impensável. Moral da história: os dois grandes candidatos à vitória da Câmara de Oeiras, se Isaltino conseguir entrar na corrida, vão fazer uma campanha baseada no lavar de roupa suja que acabará, no entanto, por não beneficiar o candidato oficial do PSD, que é praticamente um fantasma nesta luta. Refira-se que os dois ex-amigos foram militantes do PSD. Este cenário em Oeiras, com as devidas distâncias, não é muito diferente do que se passa em Matosinhos, onde três personagens ligadas ao PS vão discutir entre si quem irá ocupar o lugar de presidente. A política tem coisas engraçadas…