Paulo Silvino: o comediante que fez rir mil vezes e chorar só uma

Tinha 78 anos

Portugal também riu à conta dele. Foi um daqueles humoristas brasileiros do antes, dos primórdios da Globo, uma das figuras mais queridas do público brasileiro depois de uma vida inteira a abrir a ostra da face, esbanjando boa disposição até ao fim. Paulo Silvino, que ficou conhecido deste lado do Atlântico com as suas participações nos programas de Jô Soares  e com esse ícone do humor popular que foi Zorra Total, morreu na manhã de quinta-feira, aos 78 anos, vítima de um cancro no estômago. 

Nascido no Rio de Janeiro em 1939, a Globo refere como Paulo Ricardo Campos Silvino «cresceu nas coxias do teatro e nos bastidores da rádio». Filho do também o comediante e imitador Silvério Silvino Neto, conhecido pelas paródias de figuras públicas no Brasil dos anos 1940 e 1950, Silvino nunca foi estranho à justiça satírica, e também revelou talento para a música, tendo aproveitado as aulas com a mãe, a pianista e professora Noêmia Campos Silvino.
«Eu nasci nisso. Com seis, sete anos de idade, frequentava os teatros de revista nos quais o papai participava. Ele contracenava com pessoas que vieram a ser meus colegas depois, como o Costinha, a Dercy Gonçalves», disse o ator em entrevista ao Memória Globo. 

Profissionalmente, foi na rádio que deu os primeiros passos, mas ainda na década de 1960 integrou o elenco da TV Rio, e, entre idas e vindas na Globo, as décadas seguintes viram-no dar o corpo e encher a alma de um sem número de personagens, em dezenas de programas desde as sátiras à TV, em ‘TV Ó Canal Zero’ e ‘TV Um Canal Meio’, passando por ‘Faça Humor, Não Faça Guerra’ (1970), ‘Uau’, a ‘Companhia’ (1972), ‘Satiricom’ (1973), ‘Planeta dos Homens’ ‘(1976), e ‘Viva o Gordo’ (1981). Em ‘Zorra Total’ (1999), o seu personagem Severino causou estrondo, e a partir dali Silvino não era apenas uma cara reconhecida mas, como destaca a Globo, viu-se reconhecido como «autor de bordões que não saem da boca do povo».

Entre os programas exibidos em Portugal nos anos 80, contam-se ‘Planeta dos Homens’ ou ‘Viva o Gordo’, da autoria de Jô Soares.

O Brasil chora uma lágrima quente, e vários foram os colegas e amigos que quiseram homenagear Silvino. «Já estou morrendo de saudades, mestre», disse o ator Lúcio Mauro Filho, ao revelar que inicou a carreira pela mão de Silvino. «Obrigada Paulo Silvino», agradeceu Marisa Orth, atriz. «Hoje o humor está triste», reagiu o apresentador Serginho Groisman.