Rússia. Tensões aumentam com aproximação de grandes ensaios militares no leste

Moscovo promete só enviar 13 mil homens para os Zapad 17, mas o número real deve ser muito superior e chegar aos 100 mil.

A Rússia prepara-se para realizar grandes exercícios militares que podem mobilizar cerca de 100 mil homens e que por estes dias vão aumentando as tensões no flanco oriental dos países da NATO, embora os testes estejam já programados há muito e a aliança diga que não está a preparar uma resposta.

Moscovo afirma que os exercícios Zapad 17, que organiza a cada quatro anos, não vão envolver mais do que 13 mil militares, o número a partir do qual está obrigada a permitir observadores estrangeiros. O número real, no entanto, deve ser muito superior: o Kremlin pode dividir o exercício e ultrapassar a barreira permitida.

Os exercícios de 2013, por exemplo, parecem ter envolvido cerca de 70 mil militares e funcionários. 

Os Zapad 17 decorrem num período de relativa tensão com os países europeus. Se é verdade que a crispação da invasão russa da Ucrânia se vai dissipando, os Estados Unidos aprovaram recentemente mais um pacote de sanções económicas contra Moscovo – a que o Kremlin respondeu cortando no número de pessoal autorizado na missão diplomática americana na Rússia.

Os exercícios vão decorrer na Bulgária, Rússia e no enclave de Kaliningrado, entre a Polónia e Lituânia, nos Bálticos, onde os Estados Unidos estudam a instalação do sistema antimíssil Patriot, o que preocupa o Kremlin. Julgando pela dimensão provável dos exercícios, observadores afirmavam esta quinta-feira ao “Guardian” que a Rússia pode aproveitá-los para testar muito do novo material de guerra construído ao longo da década de modernização. 

Num acontecimento aparentemente isolado, um bombardeiro russo sobrevoou também esta quinta zonas próximas da Coreia do Sul e do Japão, onde, aí sim, as tensões relacionadas com os programas militares norte-coreanos estão num dos pontos mais altos dos últimos 70 anos – Moscovo censura os testes do regime, mas as suas empresas parecem ser das principais a ajudarem Pyongyang a contornar as sanções internacionais.