Teresa Guilherme. “Os amores de verão são para ter e esquecer”

Já lhe aconteceu chegar ao aeroporto e partir no primeiro avião  e também já viajou sem malas. Nos Estivaneios desta semana conversamos com Teresa Guilherme, que recorda as férias do passado, apesar de dizer que não é pessoa de ficar a olhar para trás

Verão é para muitos sinónimo de férias. O que lhe vem à cabeça quando pensa em férias? Qual é a memória mais antiga que tem?
Lembro-me de ir de férias com a minha avó para a Figueira da Foz. Mas ia para a praia sem gostar de areia. Há fotografias minhas de pé em cima da toalha para não estar em contacto com a areia porque não gostava mesmo. 

Ia para a praia só com a avó ou ia com mais família?
Como era filha única e os meus pais estavam fora, costumava ir também com a minha tia, irmã do meu pai, e com os meus primos. Tínhamos idades semelhantes e era sempre muito engraçado. 

E amores de verão?
Não me lembro de nenhum. Mas os amores de verão são mesmo isso: é para ter e esquecer. De qualquer forma, ainda hoje acho que é uma ótima altura para se estar apaixonado.

Como fazia para conquistar alguém – ou era mais de se deixar conquistar?
Até aos 17 anos, era mesmo muito tímida. Nem os telefones gostava de atender. Depois, fiquei mais normal. Mas, mesmo assim, continuei sempre a fazer um charme muito diferente do que as miúdas de hoje em dia fazem. Costumava esperar que fossem os rapazes a dar o primeiro passo. Acho que é uma coisa de época.

Usava algum truque quando queria chamar a atenção de algum rapaz? 
Costumava sempre ser muito engraçada e fazia-me de melhor amiga. Só depois é que avançava. De qualquer forma, acho que todas as técnicas que as pessoas arranjam são boas, todas podem funcionar porque tudo depende de pessoa para pessoa. 

Além de tímida, como era a Teresa Guilherme em miúda?
Era muito maria-rapaz. Jogava à bola e era muito levada da breca. Mas, como era muito protegida por ser filha única,  não me deixavam fazer nada. O que acontecia é que era sossegada em casa e na escola só fazia asneiras.

Tem amizades muito antigas?
Tenho muitos amigos de há 30 anos, por exemplo. Mantenho os amigos durante muito tempo, mesmo aqueles que vejo menos vezes. Quando nos vemos é sempre uma grande festa.

Sempre foi mais de grandes amores ou de grandes paixões?
Sempre fui muito mais de grandes paixões. Ainda hoje sou. Acho que muitas vezes vale mais uma grande paixão, mesmo que dure apenas três meses, do que uma relação que dura três anos. Mas sou assim em relação a tudo: ou gosto mesmo muito ou não gosto nada.

Prefere praia ou campo?
Sou mais de tudo porque gosto de fazer o que me apetece. Mas se pensar na viagem de que mais gostei, não me lembro nem de praia ou de campo. Penso na Índia, porque foi um sítio onde me senti mesmo bem. Ninguém julga ninguém e isso é bom. Assim como quem lá vai também não faz julgamentos. É uma cultura diferente.

Qual foi a viagem mais louca que fez?
Talvez à Patagónia, no verão. Estava um frio terrível. Mas gostei muito. De qualquer forma, há mais exemplos de certeza. Já me aconteceu chegar ao aeroporto e ir no primeiro avião e também já viajei sem malas.

Se pudesse fugir, ia para onde?
Queria ir para o céu, mas não no sentido de morrer. É no sentido de ir para onde tivesse mais liberdade.

Se pudesse mandar alguém para uma praia deserta, quem mandava?
Se soubesse que a pessoa não voltava mais, mandava o Trump. Este homem veio desequilibrar ainda mais o mundo. É um perigo. 

Como reagiu quando soube que ele era o novo presidente dos EUA?
Quando me disseram, achei que estavam a brincar. Lembro-me que fui dormir cedo porque achei mesmo que ele não ia ganhar. Não tinha qualquer dúvida. Quando me disseram, demorei muito tempo a perceber que era mesmo verdade. Este ano tenho ido muito aos EUA e é assustador. Há sempre um escândalo com ele em todos os canais. É como ver uma novela. Parece que ele vive para alimentar os canais de televisão.

Como são as suas rotinas no verão?
Não tenho muitas rotinas. Além disso, faço praticamente as mesmas coisas no verão e no inverno. O que muda é o facto de estar mais tempo na rua, por exemplo, ou mais tempo com amigos, mas o verão é mesmo isso. É uma época de mais convívio. O tempo também está melhor e dá mais vontade de passear, por exemplo.

Há algum sonho que queira mesmo ver realizado?
Tenho muitos sonhos por realizar. Mas, se tiver de escolher uma coisa que quero muito que aconteça, posso dizer que gostava de ir às ilhas Fiji para me encontrar com o melhor coach do mundo. Gostava muito de ir a um dos retiros que ele faz porque acho que é uma pessoa extraordinária. Ando a ver tudo sobre ele, vejo os vídeos todos. Acho que tem uma lição de vida importante.

Qual é o seu pequeno crime diário?
Não dormir. Fico a ler e a ver séries até muito tarde. Tenho de me obrigar a desligar cedo as luzes e a ir dormir. Sempre fui muito de ficar acordada durante a noite e tenho de controlar esse hábito. Ainda assim, durmo sempre oito horas.

No verão é mais fácil perder-se com compras?
Não, perco-me com compras o ano inteiro. Se estiver num país onde há imensas lojas e tudo é apetecível, então aí perco-me mesmo.

Qual é o seu retiro favorito? O sítio onde se sente mais em paz?
É, sem dúvida, a minha casa. Mas também gosto muito de estar dentro de um avião. A maioria das pessoas não gosta porque não pode fazer nada; não pode ter telemóvel, nem tablet. Eu gosto exatamente por isso. Aproveito sempre para ler ou para ver um filme.

Aproveita para parar…
Eu sei muito bem parar e, por vezes, é mesmo necessário. 

Costuma ler livros nas férias?
Sim, nas férias e durante todo o ano. Sempre gostei muito de ler. Ando sempre com um livro para onde quer que vá.

Disse que fica acordada até tarde a ver séries… 
Sim, sou louca por séries. Ando apaixonada por uma que é o “This is Us” e pelo “Game of Thrones”. Sou completamente fã do “John Show” e estou a adorar aquele clima de romance com a Daenerys.

Por falar em romance, é conhecida como  sendo muito casamenteira…
Sim, e sou mesmo. Fiquei conhecida assim por acaso, mas é um reconhecimento público de uma coisa que sempre fui. Faço sempre casamentos e já juntei amigos meus. Juntei, por exemplo, o Pedro Miguel Ramos e a Fernanda Serrano e sou madrinha de casamento deles. Também costumo arranjar casais quando estou a apresentar a Casa dos Segredos, por exemplo.

O facto de as pessoas saberem que tem esse lado faz com que os amigos a procurem para pedir conselhos amorosos?
Sim, e não só os amigos. Acontece muitas vezes pedirem-me conselhos na rua. Não conheço as pessoas, mas pedem e acho muito divertido. 

Como foi o último verão que teve?
Estive sempre a trabalhar, sem ter férias. É uma coisa que faço com frequência, apesar de ser um disparate. O ano passado, por exemplo, nem folgas tive. Estive um ano e meio a trabalhar sem parar. 

Está quase de regresso à televisão. Costuma ficar com saudades quando fica afastada durante um tempo?
Estou pronta para o meu regresso, apesar de não ter saudades nenhumas de aparecer na televisão. Tenho saudades de produzir, mas de aparecer não. Depois acabo por me divertir, mas não posso dizer que fique ansiosa por querer muito aparecer na televisão. 

Como olha para a forma como se fazia televisão há uns anos, nomeadamente, para os seus programas?
Algumas coisas vejo com muita curiosidade, mas não vejo os meus programas. Tenho as coisas guardadas num disco, mas nunca as fui ver. Só vou ver se for preciso para alguma coisa para algum trabalho. Não tenho curiosidade sobre o passado. Não sou ingrata em relação ao que a vida me deu, mas não prende a minha atenção. Passado é passado. Mesmo quando viajo, não sou pessoa de tirar fotografias para mais tarde recordar.

Quando é que teve, primeira vez, a consciência de que um dia tudo acaba?
Lembro-me muito bem de ter 29 anos e de alguém me dizer: “Já?”. Aquilo marcou-me, percebi que o tempo passa. Já a relação com a morte começou mais cedo, com a morte de pais de amigos meus.

Como espera ser recordada um dia?
Gostava que as pessoas dissessem que sou muito divertida. Sobretudo, gostava que as pessoas se lembrassem que era bom estar comigo, que me recordassem como um bom abraço. Gosto muito de abraços e acho que são muito importantes.