Negócios em Portugal. Franceses ao poder

Nos últimos anos, Portugal tem conseguido atrair cada vez mais empresários franceses que anunciam investimentos milionários nos mais diversos setores de atividade

Portugal tem conseguido captar investimentos estrangeiros, nomeadamente franceses, nas mais diversas áreas de negócio. Um dos últimos anúncios feitos diz respeito a um reforço da aposta no setor da aviação, com uma empresa francesa a revelar a intenção de apostar 20 milhões de euros em Grândola. Com a construção de uma nova fábrica, que vai servir para o fabrico de componentes de aviões, prevê-se a criação de mais 100 postos de trabalho. Mas o investimento em Portugal está longe de ser uma novidade. Os franceses da Lauak já tinham reforçado a competitividade no parque empresarial de Setúbal em 2016. Aliás, falamos de uma empresa que viu o volume de negócios crescer 32,66% e acabou 2016 com mais 115 trabalhadores do que em 2015.

Mas há mais. Os dados mais recentes não deixam margem para dúvidas e o setor do turismo também tem conseguido manter-se na liderança quanto ao investimento francês em Portugal. Seguem–se setores como, por exemplo, o da energia, ambiente e construção. A verdade é que os dados convergem e apontam para um crescimento do nível de interesse por parte de empresas francesas. De acordo com a Câmara de Comércio Luso- -Francesa em Lisboa, há registo de pelo menos 400 sociedades com capital proveniente deste país.

Já se contarmos com o número de filiais, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) aponta para áreas privilegiadas como a construção, os transportes, a energia e os serviços financeiros. No entanto, também é verdade que tem havido uma transformação nas intenções dos empresários desta nacionalidade. Olhando para os dados mais recentes é possível perceber que houve uma redução dos investimentos feitos em setores tradicionais como o têxtil, por exemplo.

Portugal está na moda

Há vários exemplos recentes do reforço que tem sido feito nos últimos anos. A aquisição da ANA pelo grupo VINCI é um desses exemplos. Em 2012 foi fechado o negócio, o que representou um investimento na ordem dos três mil milhões de euros.

Mais recentemente, já em 2015, ficou fechada a aquisição da Portugal Telecom pela Altice por 5,8 mil milhões de euros, assim como um investimento da multinacional Mecachrome, que anunciou a abertura de uma fábrica ligada à aviação.

Já em julho deste ano, o grupo Altice, que detém a MEO, anunciava o acordo com a Prisa para comprar a Media Capital, dona da TVI. A compra foi acertada no valor de 440 milhões de euros e faz parte da estratégia global do grupo, que passará por oferecer um maior leque de produtos e formatos aos consumidores.

vinho e azeite com sotaque estrangeiros

 Vieram de outros países, apaixonaram-se por Portugal, pela comida, pela paisagem, pelo vinho e… pelo azeite. E, por isso mesmo, também acabaram por produzir azeite e vinho. Daí ser natural que o investimento estrangeiro nestes setores também continue a crescer.

De acordo com Henrique Herculano, do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), “os investidores em Portugal são sobretudo espanhóis, mas também há muitos suíços e franceses. A aposta tem a ver com a expressão que o azeite tem nestes mercados. Pode falar-se em crescimento do negócio. Tem sido uma aposta a nível global”.

Já em 2009, os avultados investimentos feitos em Portugal eram fáceis de explicar. Por esta altura, na Andaluzia, o preço do hectare rondava os 75 mil euros, enquanto no Alentejo não ultrapassava os 30 mil.

acordo de milhões na renault

No final do ano passado ficou ainda decidido um outro investimento elevado quando trabalhadores e administração fecharam um novo acordo de empresa que garante a continuidade da fábrica da Renault na região de Aveiro por mais 15 anos, no mínimo. A garantia foi dada por via de um investimento que ronda os 150 milhões de euros.

“Existem fortes possibilidades de vir ainda um novo projeto de produção de caixas de velocidade para carros híbridos e que representa um investimento acima deste que está agora programado”, garantiu Francisco Costa, da comissão de trabalhadores da fábrica CACIA.

A verdade é que falamos de uma unidade portuguesa que, de acordo com o diretor mundial do grupo francês, Thierry Koskas, recebe por ano um investimento de cerca de 12 milhões de euros.

O relacionamento entre os dois países foi recentemente alvo de declarações de António Costa, que destacou as “excelentes relações” entre Portugal e França e salientou o facto de “haver várias empresas com intenções de investirem mais em Portugal”.

A verdade é que o facto de Portugal estar na mira dos empresários franceses é boa notícia já que, apesar de estar num novo ciclo de crescimento, o país continua a precisar de investimento privado.