Jante sozinho, Pedro

Eu entendo que alguém que é candidato pelo partido à Assembleia Municipal do Porto, que tem capital político no Palácio do Belém depois de dirigir a campanha de Marcelo Rebelo de Sousa e que ainda se consegue vender como ‘alternativa jovem’ quando tem idade para ser meu pai fique incomodado com notícias que o dão…

A última edição deste semanário trouxe uma notícia sobre a aproximação de Rui Rio e Pedro Duarte, tendo em conta a distância comum que têm a Pedro Passos Coelho. A notícia falava num jantar e em convites feitos por Duarte para um ‘movimento interno’ que, no fundo, é um eufemismo para o grupo dentro da estrutura que já antes tinha. O termo não é da autoria deste jornal, assim como o relatado na notícia, contrariamente ao depois proclamado por Pedro Duarte.

Este jornal não cria factos políticos; reporta-os, como eles se deram ou se dão. Eu, que assinei a notícia, levo muito a sério o compromisso do jornalista com os seus leitores e, fundamentalmente, com a verdade. Nesse sentido, não poderia não responder à acusação do político.

Para deixar claro: há quem invente notícias e há quem seja obrigado a inventar desmentidos. Se eu quisesse escrever sobre os méritos ou deméritos de Pedro Duarte e Rui Rio jantarem e conversarem sobre o futuro do PSD, teria escrito, aqui, nesta coluna de opinião. Como me é indiferente o que jantam, onde jantam e o que conversam, não o fiz. Noticiei uma conjuntura autêntica e confirmada mais que uma vez.

Pedro Duarte, por outro lado, diz que o SOL ‘inventou’ uma notícia. Isso ofende-me e surpreende-me. É que eu, como jornalista, não tenho qualquer tipo de interesse em que Pedro Duarte e Rui Rio jantem ou deixem de jantar. Repito: é-me indiferente. Acontecendo, é meu trabalho publicá-lo. Que a publicação não convenha aos respetivos, é problema deles. E, mais uma vez, totalmente indiferente para mim, que não faço contas para nenhum congresso.

Não deixo, porém, de notar o seguinte: Pedro Duarte desmentiu a notícia nas redes sociais, não deixando de partilhá-la na íntegra; Pedro Duarte revelou-se incontactável por este jornal enquanto o SOL confirmava o relatado; Pedro Duarte não pediu qualquer direito de resposta ou desmentido para lá das redes sociais, isto é, neste jornal.

Em resumo, eu entendo que alguém que é candidato pelo partido à Assembleia Municipal do Porto (e que fez uma apresentação de candidatura quase presidencial), que tem capital político no Palácio do Belém depois de dirigir a campanha de Marcelo Rebelo de Sousa e que ainda se consegue vender como ‘alternativa jovem’ quando tem idade para ser meu pai fique incomodado com notícias que o dão a pensar no congresso que colocará Passos contra Rio. Entendo mesmo. Não gosto é de ser insultado em público em consequência desse incómodo.

O jornalismo político é sempre feito para alguém não gostar do que lê. Caso contrário, seria publicidade de borla. E para publicidade de borla, o Pedro trabalha na Microsoft…