Pais querem gastar menos. Saiba como poupar no regresso às aulas

As famílias portuguesas estão a pensar gastar menos no arranque de mais um ano letivo. Se em 2016 a ideia era despender 455 euros, este ano pretendem reduzir a fatura para 393 euros

Mais contas para pagar. É desta forma que a maioria das famílias portuguesas vê o início de mais um ano letivo e, ao contrário do que aconteceu em 2016, a ideia é gastar ainda menos com esta fatura. Ao todo, o objetivo é despender cerca de 393 euros nas compras do regresso às aulas. Trata-se de menos 62 euros em relação ao ano anterior e é preciso recuar a 2013 para encontrar valores tão baixos. A conclusão é de um estudo realizado pelo Cetelem e revela ainda que quase a maioria dos pais (46%) inicia as compras duas semanas antes do início das aulas. Mas há 22% das famílias que compram com 25% com um mês de antecedência e 15% compra quando as aulas já começaram.

Em relação ao ano passado, mais famílias preveem gastar entre os 250 e 750 euros, representando mesmo a maior fatia dos inquiridos (61%). Regista-se também uma diminuição significativa do número de agregados que contam gastar mais de 1000 euros no regresso às aulas (10% versus 4%).

As principais despesas serão com material escolar essencial – como mochilas, cadernos e canetas – materiais para a prática desportiva e materiais de apoio didático. Mas vamos a números. O vestuário/calçado (49%), artigos de desporto (77%) e despesas com material escolar (92%) lideram as intenções de compra para o regresso às aulas.

A maioria das famílias prefere comprar o material escolar num momento único (59%). Já os estudantes adultos compram mais ao longo do ano. Os livros escolares são adquiridos num momento diferente do restante material por 55% dos consumidores.

A par destas despesas, os pais estão a pensar disponibilizar 19 euros semanais, ou seja, menos um euro face ao ano anterior para os filhos gastarem em alimentação, papelaria e outros gastos escolares, mas que representa uma subida em relação a 2013 e 2014 quando se fixava nos 18 e 17 euros, respetivamente.

Já o número de famílias com filhos a estudar no ensino público desceu face a 2016 (77% face aos 88% registados no ano anterior). Destes, praticamente a totalidade pretende manter os seus filhos no mesmo tipo de ensino no futuro. Paralelamente, 10% das famílias com filhos em idade escolar optam pelo ensino privado.

Hipermercados

As grandes superfícies ainda não são os espaços exclusivamente eleitos pelos consumidores para fazer compras. Cerca de 81% pretende fazê-las nas papelarias, 70% nos hipermercados, mas há quem prefira comprar pela internet (43%).

A verdade é que recorrer à reutilização de material e de livros escolares, e não comprar tudo o que os filhos pedem, são alguns dos truques utilizados cada vez mais pelos consumidores para fazerem face a estes gastos, que vêm penalizar ainda mais o já de si asfixiado orçamento familiar. “Tento não deixar tudo para a última hora, aproveitar ao máximo o material do ano letivo anterior que ainda está bom e, acima de tudo, comprar ao gosto dos meus filhos, mas sem recorrer a modas, porque geralmente esse material é bem mais caro”, revela ao i Cristina Ribeiro.

Este não é um caso isolado e a maioria dos portugueses está mais contida na hora de comprar. Aproveitar as promoções dos hipermercados, das livrarias ou até mesmo das editoras é outra forma encontrada pelos pais para conseguirem comprar tudo a preços mais acessíveis.

Recorrer aos sites na internet das editoras e dos livros pode fazer toda a diferença no momento de pagar. Estes livros são exatamente iguais aos que poderia comprar numa loja física, mas as cadeias oferecem uma percentagem de desconto pela encomenda online, bem como outras condições favoráveis, nomeadamente portes gratuitos ou vales de desconto para compras futuras. A escolha é variada: a Wook, a Porto Editora, o Continente (descontos em cartão tanto nos manuais como no material escolar), a Leya e a Bertrand oferecem descontos nas compras feitas online e as “promoções” poderão ser ainda maiores em determinados materiais, como dicionários, livros de preparação para os testes, etc. Mas os preços reduzidos não se ficam por aqui. Os hipermercados também estão a fazer promoções ao material escolar nas suas páginas da internet.

crédito com maior peso

Esta é uma das formas encontradas pelas famílias portuguesas para fazerem face a estes gastos habituais no início de cada ano letivo. Aliás, de acordo com o estudo do Cetelem, face ao ano passado há mais consumidores a admitirem pagar as despesas do regresso às aulas recorrendo ao crédito. Em 2016, 27% dos inquiridos ponderava utilizar o cartão de crédito como forma de pagamento, percentagem que ascendeu agora aos 33%.Também o montante a gastar subiu, com a maioria das famílias a admitir que prevê despender, em média, 312 euros através deste meio de pagamento. Um valor que representa um acréscimo de 76 euros face ao ano passado. “Um montante que aumenta pela primeira vez em cinco anos, apesar de ainda não atingir o valor de 2013: 376 euros”, diz o estudo.

No entanto, essa escolha de recorrer ao crédito implica juros, tornando o material mais caro do que realmente é. Apesar de os créditos rápidos prometerem como vantagens a celeridade, a comodidade e a menor burocracia, implicam sempre juros mais elevados, o que pode vir a complicar ainda mais a situação financeira da família. Mas para aqueles que não têm outra alternativa e estão a pensar em pedir um financiamento a curto prazo, a utilização do cartão de crédito ou o saldo a descoberto da conta-ordenado podem ser as melhores soluções.

Por outro lado, e tal como aconteceu em anos anteriores, há muitas famílias a optarem por usar os cartões de fidelidade para fazer compras, com mais de metade dos pais a admitirem que o vão fazer.

“Estes meses são de grande consumo para os portugueses. Os gastos com férias e o regresso às aulas sobrecarrega o orçamento das famílias. Por este motivo, procuram diluir no tempo os gastos para gerirem melhor o seu orçamento. A opção da compra online tem vindo a ganhar mais adeptos entre os consumidores para comprar os livros escolares. O conforto e a simplicidade do processo de compra estão na base do aumento significativo deste canal, que já é a escolha de 43% dos consumidores»”, refere Pedro Camarinha, diretor distribuição do Cetelem.