Eduardo Martins. O falso fotógrafo de guerra

Fraude que enganou milhares de seguidores no Instagram foi desmascarada pela BBC Brasil

A história tem agitado as redes sociais nas últimas horas: Eduardo Martins era um fotógrafo brasileiro que andava por zonas de guerra de máquina fotográfica em riste, para retratar o sofrimento humano. Publicava, depois, as suas fascinantes fotografias no Instagram – para uma audiência de 127 mil seguidores – e disponibilizava-as gratuitamente a vários órgãos de comunicação. Mas uma investigação da BBC Brasil descobriu que, afinal, as fotografias não eram da sua autoria.

Entre fotografias que mostravam cenários de guerra e outras em que aparecia dizendo-se surfista em praias australianas, a farsa deste misterioso homem alto e louro de 32 anos, alegadamente natural de São Paulo e sobrevivente de uma leucemia, era sustentada, como se lia na sua conta do Instagram entretanto apagada, por um suposto cargo na ONU (Organização das Nações Unidas), onde desempenharia funções de fotógrafo em campos de refugiados.

Depois de ter dado entrevistas a publicações como a Recount Magazine e a Vice Brasileira, Martins avançou em junho do ano corrente para a BBC Brasil, oferecendo as suas fotografias. Acabariam por ser publicadas pelo órgão de comunicação social ilustrando uma entrevista ao “fotógrafo”, entretanto apagada e feita através da aplicação Whatsapp, via mensagens de voz “sempre como arquivos de áudio, nunca instantaneamente gravadas”, segundo se lê no artigo.

Os alarmes só soaram, porém, quando Martins contactou uma colaboradora da BBC Brasil sediada no Médio Oriente, que se apercebeu que nenhum dos fotógrafos realmente presentes em zonas de guerra conhecia o brasileiro.

Um mês de investigação viria então a revelar a mentira: não só nenhum colega de profissão o conhecia como se verificou que ninguém com o seu nome trabalhava para a ONU. Parte das fotografias, como apurou a BBC Brasil, pertencia ao fotógrafo americano Daniel C. Britt – mas a fraude nunca foi descoberta porque “Eduardo Martins invertia as fotos”.

Apurada a verdade, permanece contudo uma questão por responder: qual a real identidade do homem que se vê nas fotografias?