Orçamento. PCP “pondera” abster-se?

A garantia foi dada por Marques Mendes. PCP diz que não se guia por “conselhos de terceiros” nem cede a “pressões”

O PCP pondera “não votar a favor” do Orçamento do Estado para 2018 e pode optar pela abstenção. A hipótese foi lançada por Marques Mendes com a garantia de que “o PCP anda muito incomodado” e em “grande stress”. O comentador lembrou que a abstenção dos comunistas não é incompatível com a aprovação do orçamento desde que, para além dos deputados do PS, votem favoravelmente o Bloco de Esquerda, os Verdes e o PAN.

“Eles estão a ponderar essa hipótese”, garantiu. Confrontado com a declaração de Marques Mendes, o gabinete de imprensa do PCP diz ao i que “mais do que responder a comentários, seja de Marques Mendes ou a outros dirigentes do PSD, o PCP está concentrado em dar solução aos problemas dos trabalhadores e do país”.

O PCP garante ainda que é um partido com “experiência e independência políticas bastantes para não ceder a pressões nem se guiar por conselhos de terceiros”.

A possibilidade de o PCP se abster já tinha sido abordada por José Miguel Júdice. No seu comentário na TVI, o ex-militante do PSD defendeu que “o PCP vai ter de cortar com a geringonça antes das eleições [legislativas]” e pode abster-se no próximo Orçamento do Estado e dar “ordens” aos “Verdes” para apoiar o governo.

Os socialistas desdramatizam e consideram que a declaração feita por Marques Mendes tem como objetivo “gerar ruído. Temos trabalhado como nos últimos dois anos”.

O PS desvaloriza também as exigências feitas por Jerónimo de Sousa, no encerramento da Festa do Avante!, com a garantia de que as negociações estão a acontecer dentro da normalidade. O secretário-geral do PCP mostrou-se convicto de que um bom resultado da CDU pode influenciar as negociações. “Mais votos na CDU são garantia de poder dar novos passos e avanços na resposta aos problemas do país, dos trabalhadores e do povo”, afirmou.

Mais votos e mais direitos

Jerónimo pediu mais votos para, entre outras exigências feitas pelos comunistas, assegurar “o aumento extraordinário do salário mínimo nacional para 600 euros em Janeiro de 2018, eliminar o corte dos 10% no subsídio de desemprego, criar mais escalões de IRS e tributar “devidamente os elevados rendimentos”.

O secretário-geral do PCP considerou que “estamos aquém do que é necessário para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo”, mas também destacou os “avanços que estão para além do que o programa do PS e do seu governo admitiam”. Ao i, fonte oficial reafirma que “o reforço do PCP e da sua influência é, foi e será, como a nova fase da vida política nacional prova, garantia para levar mais longe a reposição, defesa e conquista de direitos e salários”.

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, garantiu ao i, no domingo, que as conversas entre o PS e os partidos à sua esquerda seguem “muito bem”. O governante defendeu que “o Partido Comunista, o Bloco de Esquerda e Os Verdes têm que se sentir confortáveis com o orçamento para o viabilizarem”.