Autoeuropa. 2,3 milhões de carros desde 1995

Uma das maiores exportadoras do país, pesa 0,8% do PIB, emprega mais de 3.300 trabalhadores e quer contratar mais. Desde 1995 já produziu mais de 2,3 milhões de veículos.  

Autoeuropa. 2,3 milhões de carros desde 1995

A Autoeuropa treme e o país abana. A empresa representa o maior investimento estrangeiro em Portugal e é uma das maiores exportadores portuguesas. Só no ano passado representou 0,8% do Produto Interno Bruto Nacional (PIB), embora distante do máximo de 2,2% do PIB de 1998.Terceira maior empresa exportadora do país (e segunda maior importadora), a Autoeuropa produziu 85.126 veículos durante o ano passado, registando uma faturação de 1,52 mil milhões de euros. Mas desde 1995 já fabricou mais de 2,3 milhões de veículos. 

A empresa emprega atualmente mais de 3.300 colaboradores. Um número que pretende aumentar ainda este ano com a produção do novo modelo, o T-Roc. Segundo as contas do fabricante alemão, a ideia é aumentar a produção, que deverá atingir mais de 200 mil automóveis em 2018. Ou seja, o dobro do registado em 2016, graças à chegada deste novo SUV. Para isso promete contratar cerca de dois mil colaboradores, dos quais 750 são para implementar um sexto dia semanal de produção. 

A média de idade dos trabalhadores é 40 anos, em que 87% são homens e 13% mulheres. Segundo a fábrica de Palmela, os colaboradores foram recrutados entre mais de 123 mil candidaturas, após um rigoroso processo de seleção. «Investimos nos últimos anos mais de 7 milhões de horas e formação no posto de trabalho e em sala. Cerca de 1000 colaboradores tiveram formação no estrangeiro», refere a empresa.

A fábrica de Palmela iniciou a sua produção em 1995, cujo investimento inicial totalizou os 1970 milhões de euros. Inicialmente surgiu como uma joint venture entre a Volkswagen e a Ford em que os primeiros carros a saírem desta unidade foi um monovolume da Ford e outro da Volkswagen. 

Pouco mais tarde, em 1999, a Volkswagen assumiu a totalidade do capital da empresa, numa altura em que assistia ao auge da produção da fábrica ao fabricar quase 140 mil carros num ano. Mas se o volume de produção vai variando ao longo destes 20 anos (ver gráfico), há um indicador que se mantém: a maioria da produção tem como principal destino a exportação. 

A importância da Autoeuropa para a região de Setúbal mede-se também pela atratividade sobre outras empresas estrangeiras como a Schenellecke, Bentler, SAS Automotive Systems, Vanpro, Action e Wheels, e as portuguesas Palmetal e Inapal Plásticos, entre muitos outros fornecedores e prestadores de serviços. Ainda assim, o fim da Volkswagen Eos, em junho de 2015, levou ao encerramento da empresa alemã Webasto, uma vez que produzia apenas o tejadilho para aquele veículo com capota retrátil. Mas se a Autoeuropa é importante para grandes empresas e para as exportações portuguesas, não é menos importante para trabalhadores e para o pequeno comércio da região que dependem da fábrica de Palmela.

«A Autoeuropa teve um impacto, do ponto de vista do desenvolvimento económico, muito importante, não só pela criação de emprego, mas também pelo valor que acrescenta, em termos de derrama. Mas, para nós, o essencial foi o contributo para a transfiguração do concelho, que era eminentemente um concelho rural», chegou a admitir a autarquia. Tempo incerto

A marca alemã e inevitavelmente a fábrica de Palmela ficaram abaladas com maior escândalo da sua história, em 2015, com o dieselgate e a manipulação dos resultados dos testes das emissões poluentes de meio milhão de carros a gasóleo. Um caso que envolveu 11 milhões de carros da marca, mas que foi minimizado para a Autoeuropa com o anúncio do novo modelo que iria começar a ser produzido na unidade industrial, cuja produção arrancou em agosto.

Na altura, Thomas Ulbrich, membro do conselho de administração da Volkswagen e responsável de logística e operações, aludiu ao exemplo da Autoeuropa como uma referência «em matéria de modelo de gestão e sustentabilidade», sublinhando que a Volkswagen sente-se confortável em Portugal. Para o Ulbrich, a eficiência e a produtividade da AutoEuropa são de níveis «extraordinários».

Aliás, a confiança na produção, na eficácia e no desempenho da AutoEuropa fizeram com que a Volkswagen escolhesse esta unidade para a produção da importante aposta que é o T-Roc. A escolha não deverá ter sido fácil, mas as garantias da fábrica de Palmela ultrapassaram qualquer duvidas. 

A empresa recebeu um investimento de 667 milhões de euros na instalação de uma nova plataforma multimodal, que permite a produção de vários modelos.