Ativista de direitos humanos preso pelas forças de segurança palestinianas

A detenção de Issa Amro vem na sequência de detenções de jornalistas e de encerramento de websites por ordem de Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Palestiniana. 

Issa Amro, um dos mais proeminentes ativistas de direitos humanos nos territórios ocupados, foi detido ontem pelas forças de segurança da Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmoud Abbas, por ter criticado no Facebook a detenção de um jornalista palestiniano, Ayman Qawasmeh, que exigiu que o impopular e crescentemente autocrático Abbas se demitisse. 

Numa declaração publicada pouco antes da sua detenção, o ativista escreveu que "todos os meus escritos sobre os media fazem parta da liberdade expressão estipulada pela Lei Básica palestiniana e estão protegidos por todas as leis e convenções internacionais. A minha detenção não vai afetar a minha defesa dos direitos humanos e os direitos dos jornalistas a exercerem o seu trabalho de forma livre e sem a pressão do governo". 

O ativista é fundador da Juventude contra os Colonatos, organização que tem documentado os alegados abusos praticados pelos militares israelitas e colonos em Hebrom, e tem sido uma das vítimas com maior notoriedade pública da última campanha de silenciamento de Mahmoud Abbas.

Entretanto, a Amnistia Internacional, uma das principais organizações de defesa de direitos humanos, reagiu em comunicado à detenção do ativista. "É ultrajante que um destacado defensor dos direitos humanos tenha sido preso por simplesmente expressar a sua opinião online. Criticar as autoridades não deve ser uma ofensa criminal. A detenção de Issa Amro é a última prova de que as autoridades palestinianas estão decididas a continuar com a sua campanha repressiva contra a liberdade de expressão", denunciou. 

A detenção de Issa Amro vem na sequência de detenções de jornalistas e do encerramento de 29 websites associados ao Hamas e a Mohammed Dahlan, antigo rival de Abbas, colocando em causa a liberdade de expressão nos territórios ocupados. Em Julho foi aprovada uma lei draconiana de "crimes eletrónicos" sem qualquer debate público, que define duras sentenças a quem publicar ofensas nas redes sociais e meios de comunicação digitais, sem definir concretamente o que se insere nas ofensas.