Adrien Silva não é caso único e a resposta final pode não ser a desejada

Adrien Silva está na mesma teia que Djaló esteve preso em 2011. Nesse ano, os dados relativos à transferência do lateral direito para o Nice foram feitos na aplicação da FIFA quatro minutos depois do fecho do mercado…

Em 2011 a transferência do lateral direito fez correr muita tinta. Sobretudo porque o jogador viu o TAS a recusar a inscrição no emblema da Liga Francesa. Em quatro meses o jogador deixou de treinar e receber salário. A partir desse momento, o declínio da carreira do jogador que está atualmente ao serviço do Vitória de Setúbal tem sido evidente.Em 2015 era uma das transferências mais esperadas, mas um atraso no envio da documentação à Liga espanhola deitou por água abaixo um negócio que rondava, segundo a imprensa espanhola, os 30 milhões de euros.

A grande diferença é que neste caso a transferência não ficou concluída, motivo que não impediu o guardião espanhol de pisar os relvados.Depois de na terça-feira a FIFA ter rejeitado a inscrição do médio português Adrien Silva no Leicester City, durante o dia de ontem a BBC revelou que a decisão do organismo foi baseada no atraso de 14 segundos relativamente ao fecho da janela de transferências, à meia-noite de 31 de agosto! A sentença anunciada pelo organismo pode mesmo resultar em quatro meses de paragem para o internacional português dado que a transferência do ex-capitão leonino para o emblema da Premier League está concluída, mas fora dos timings obrigatórios. Assim sendo, o jogador de 28 anos só poderá ser opção a partir de janeiro de 2018, altura em que reabre a nova janela de transferências e, consequentemente, as inscrições. Entretanto, os foxes garantiram que vão recorrer do julgamento da FIFA e que, independentemente do parecer final, assumirá o pagamento dos salários ao atleta, mesmo que este fique sem jogar até janeiro.

“Estamos a trabalhar com o Adrien e com o Sporting Clube de Portugal para ultrapassar alguns problemas relacionados com a inscrição do jogador e a explorar todas as opções para encontrar uma solução”, garantiu um porta-voz do clube ao “Mais Futebol”. O líder leonino, Bruno de Carvalho, também se pronunciou em relação à atual situação do jogador e pediu que a FIFA seja mais “flexível” nestes casos. “Espero que o Leicester consiga com os recursos fazer a inscrição do jogador, um jogador com a qualidade de Adrien merece estar a jogar. O Leicester precisa bastante do jogador e espero que encontrem uma solução”, afirmou ao canal do clube de Alvalade. A par dos dirigentes dos dois clubes, o próprio protagonista da história, Adrien Silva, adiantou à SportTV que, agora, é tempo de recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto de Lausanne. Mas a julgar por outros casos semelhantes a resposta pode não ser a desejada…

O caso Djaló e De Gea

Em 2011, o Nice introduziu os dados relativos à transferência de Yannick Djaló na aplicação FIFA TMS (Transfer Matching System) às 00h04 do dia 1 de Setembro. Ou seja, quatro minutos depois do fecho do mercado. O antigo jogador dos leões, que havia sido vendido por 4,5 milhões de euros seguiu, à data, o mesmo passo que Adrien Silva agora vai dar e recorreu para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), mas viu ser confirmada a invalidação da transferência para os gauleses devido ao pequeno atraso no envio da documentação. O resto da história já se sabe. O lateral direito, que deixou de treinar e receber salário, acabou por rescindir contrato com o Nice e em janeiro de 2012, aquando da reabertura do mercado, acabaria por ser contratado pelo Benfica. Desde esse ano que se tornou evidente o declínio do jogador que somou empréstimos consecutivos e que agora regressou a Portugal para representar o Vitória de Setúbal.

A par de Djaló um dos casos que mais deu que falar foi o do guarda-redes internacional espanhol David De Gea. O caso remonta a 2015, ano em que a transferência do guardião do Manchester United para o Real Madrid acabou por não ser concretizada devido ao atraso na chegada dos respetivos documentos à Liga espanhola. O negócio, segundo adiantou na altura a imprensa espanhol, rondava os 30 milhões de euros. No entanto, a grande diferença para os jogadores portugueses acaba por ser o facto de neste caso a transferência não ter ficado concluída estando De Gea, ainda nos dias de hoje, nos red devils.