Autoeuropa. Sindicato diz que “ficaram abertos os canais de diálogo” com administração

Conflito começou com a mudança de horários e a necessidade de trabalhar mais um dia, de forma a permitir o aumento da produção, que deverá atingir mais de 200 mil automóveis em 2018.

O coordenador do Sitesul – Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul afirmou hoje que a reunião com a administração da Autoeuropa realizada hoje "foi muito produtiva".

"Ficaram abertos os canais de diálogo com vista a uma solução para os novos horários de laboração contínua que agrade a todas as partes", disse Eduardo Florindo, escusando-se a revelar mais pormenores sobre o encontro.

A administração da Autoeuropa recebeu hoje os sindicatos naquela que foi a primeira reunião depois da greve de 30 de agosto contra o trabalho ao sábado, a primeira por razões laborais na fábrica de automóveis de Palmela, distrito de Setúbal.

A verdade é que a fábrica de Palmela tem vindo a afirmar que só estaria disponível para negociar com a nova comissão de trabalhadores que só será eleita a 3 de outubro. 

O conflito na Autoeuropa começou com a mudança de horários e a necessidade de trabalhar mais um dia, de forma a permitir o aumento da produção, que deverá atingir mais de 200 mil automóveis em 2018. Ou seja, o dobro do registado em 2016, graças à chegada do novo modelo, o SUV T-Roc.

A Comissão de Trabalhadores e a administração da fábrica de Palmela ainda chegaram a um pré-acordo para os novos horários e turnos – que incluía uma compensação financeira de 175 euros acima do valor previsto na legislação, mais um dia de férias, um aumento mínimo de 16% do salário e uma redução de horário semanal para as 38,2 horas – mas a proposta foi rejeitada pela maioria dos trabalhadores , tendo contado apenas com 23,4% de votos favoráveis, num universo de 3472 votantes, o que motivou a demissão da CT.

Para o sindicato que convocou a greve, a proposta em cima da mesa «é gravosa do ponto de vista social, pessoal, familiar. Para que haja um espaço de abertura para o diálogo é imperativo que a administração retire essa imposição de mudança de horário de trabalho».

O diretor-geral da Autoeuropa, Miguel Sanches, ainda acredita num acordo laboral na fábrica mas já veio alertar para os riscos da falta de entendimento, podendo existir a possibilidade de a produção do T-Roc ser, pelo menos parcialmente, deslocalizada. «É um cenário que está em cima da mesa, mas tanto a administração como toda a equipa da Autoeuropa irão fazer o possível para manter toda a produção do carro em Portugal», afirmou Sanches, lembrando ainda que «o T-Roc foi um modelo exclusivamente escolhido para ser produzido na Autoeuropa».