Campeonato. É sexta-feira, águia na Luz, leão na Feira

Feirense-Sporting (19h) e Benfica-Portimonense (21h) abrem a quinta jornada do campeonato

A Selecção nacional ganhou em Budapeste, continua na sua curiosa e com o seu quê de estranha perseguição a uma Suíça que só sabe o que é vencer, tudo parece estar dentro da normalidade internacional para que possamos, novamente, debruçar as atenções para o campeonato.

Hoje mesmo, sexta-feira, a bola rola na antiga Vila da Feira, mais prosaicamente chamada, nos dias que correm, Santa Maria da Feira, como se ser vila fosse algum incómodo, e em Lisboa, com Sporting e Benfica a defrontarem o Feirense e o Portimonense, respetivamente e por ordem cronológica já que o primeiro desafio está marcado para as 19 horas e o segundo para as 21.

Comecemos pela Feira, Vila ou Santa Maria, como preferirem, terra de conventos e de mosteiros e castelo altaneiro – bem interessante no seu desenho medieval que lhe dá um traço militarizado como poucos, mais as suas torres imponentes – onde mora uma equipa treinada por um jovem técnico chamado Nuno Manta capaz de nos surpreender a todos na época passada pela forma como construiu um conjunto tão sólido quanto criativo e, sobretudo, muito difícil de bater.

Passou o defeso mas até parece que tudo está na mesma. À entrada para a jornada número cinco, o Feirense é um dos cinco até agora invencíveis, sabendo-se como se sabe que três deles são os inevitáveis Benfica, FC Porto e Sporting e o restante o Rio Ave.

Não me resguardo nos números para antever a deslocação difícil do leão à cabeça da Terra de Santa Maria. Até porque os rapazes de Jorge Jesus têm mostrado uma muito apreciável saúde competitiva – exceção feita àquela receção ao Steua de Bucareste – e parecem decididos a manterem-se longe das vulgares tranquibérnias do seu presidente e respetivos apaniguados obedientes, arranjando guerras gratuitas a torto e a direito que agora até metem a muitíssimo desconfortável prova provada pelos ingleses de uma oferta por William Carvalho que toda a estrutura de Alvalade jurou a pés juntos de mão estendida sobre o Novo Testamento que nunca teria existido. Enfim. Nada de novo no reino da selva leonina, por esse prisma. Ignorem os jogadores estas trampolinices que já são o pão nosso de cada dia por aquelas bandas e dediquem-se ao que sabem fazer melhor e não lhes retiraremos o favoritismo com que avançam para o velhinho Marcolino de Castro com a liderança em causa mas, ao mesmo tempo, dependente apenas deles próprios.

Acaba o Feirense-Sporting e começa o Benfica-Portimonense.

Embrulhado em determinadas controvérsias em relação à qualidade do onze na comparação com o da época passada, na qual se sagrou competentemente campeão, Rui Vitória tem trabalho em barda para convencer os adeptos mais exigentes que continuará a ser o líder do principal candidato ao título de 2017/2018.

Inevitavelmente, as doutrinas dividem-se. Inequivocamente, saíram do plantel jogadores com um peso expressivo no grupo que foi sendo formado desde a passagem de testemunho de treinadores na Luz. A viagem da última jornada a Vila do Conde fez soar, aqui e ali, algumas campainhas de alerta. Seja porque revelou, mais uma vez, se preciso fosse, que há jogadores fisicamente frágeis como pucarinhos de Estremoz – Jardel ficou cedíssimo fora de combate, juntando-se a Fejsa e Grimaldo, por exemplo, dois dos maiores frequentadores do departamento clínico encarnado –, seja porque a equipa passa fases excessivamente longas de incapacidade em manter o controlo sobre o jogo e sobre o opositor. Claro que, hoje, esse adversário é bem menos compacto do que o Rio Ave e que, em casa, Dona Águia costuma ter uma determinação e uma fome de baliza pouco comum em qualquer outra equipa portuguesa, ainda por cima empurrada por uma mole de gente que não parece ter saciado o devorador apetite por vitórias e títulos. Seria, para eles, muito complicado digerir outro resultado que não o de um triunfo tranquilo. Até porque, amanhã, o FC Porto recebe um Chaves muito tem-te-não-caias, que se percebe estar, aos poucos, a absorver as ideias de futebol construtivo de Luís Castro, mas tem ficado suficientemente longe de uma capacidade competitiva que o torne uma ameaça para o novo dragão de Sérgio Conceição.

O campeonato está de volta! Convenhamos que, mais discussão de taberna ou menos circo de comentadores televisivos, é disto que o povo gosta!