Margarida Marques volta a colocar hipótese de Centeno presidir Eurogrupo

Margarida Marques, ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus, admitiu, numa entrevista ao Eco, que continua crente em Mário Centeno.

Além de não poupar elogios ao atual ministro das Finanças, Margarida Marques volta a confirmar a possibilidade de Mário Centeno vir a ser o próximo presidente do Eurogrupo.

“Os seus pares perceberam a sua capacidade, o seu empenhamento, em lidar com o enquadramento europeu, com as regras europeias, e [Mário Centeno] conseguiu mostrar uma capacidade de liderança e resiliência, relativamente a todas as dificuldades que passou, e tem de facto, claramente, uma capacidade de vir a ser o ministro das Finanças europeu. É um cenário completamente visto pelos seus pares. Pela minha experiência, por aquilo que vi e ouvi junto dos meus pares na altura, posso dizer que havia de facto uma vontade de que Mário Centeno pudesse ser o ministro das Finanças europeu ou o presidente do Eurogrupo”, explica Margarida Marques.

Centeno em ‘bicos de pés’ para presidir a Eurogrupo

O controlo das contas continua a ser a principal prioridade de Mário Centeno, mas o Ronaldo do Ecofin, como lhe chama Schäuble, continua a ser um dos nomes apontados para a presidência do Eurogrupo. Apesar de ter sido falado em março e de ter caído no esquecimento, o próprio ministro das Finanças português já tem feito saber que presidir ao Eurogrupo é algo que gostava que acontecesse.

O assunto voltou a ser tema de conversa quando, no início de agosto, ainda durante as férias parlamentares, Centeno voltou a deixar a hipótese em aberto, numa entrevista ao El País. “Não vou dizer que não, se há uma possibilidade”, sublinhou prontamente o responsável pelas finanças portuguesas. 

Vamos por partes. Em abril deste ano, Mário Centeno foi sondado para assumir o lugar de Jeroen Dijsselbloem, mas António Costa apressou-se a rejeitar a ideia. Em entrevista à Renascença, o primeiro-ministro português evidenciou que uma candidatura do ministro responsável pela pasta das Finanças não estava nas prioridades do Governo. No entanto, quando o caso parecia estar encerrado, Centeno veio dizer a um canal norte-americano que nunca lhe passou pela cabeça excluir essa possibilidade. 

Mais tarde, já em junho, explicou que não era uma matéria que lhe ocupasse o tempo. Mas, sem afastar a hipótese, sublinhou que, quando a questão se colocar, “é importante que Portugal tenha uma posição forte”.

A dar força à questão estão várias posições a favor de Centeno ocupar o lugar. Contactado pelo SOL, o eurodeputado português Carlos Zorrinho reforçou que Centeno “é uma possibilidade desde há uns meses e começou a ser falado desde o primeiro momento em que se falou da substituição de Jeroen Dijsselbloem”. Para Carlos Zorrinho, o ministro das Finanças português tem todas as características formais para estar nesta corrida. “Não nos podemos esquecer que ele é o rosto do bom comportamento da economia portuguesa. Mas também não nos podemos esquecer que existem outros candidatos”, destacou. 

Por outro lado, Nuno Melo relembra que “se falou do convite, mas que depois foi desmentido”. Seja como for, para o eurodeputado centrista, quantos mais portugueses no projeto comum, melhor. Ainda assim, sublinha que, quando se fala nos bons resultados da economia nacional, é necessário ter em conta: “A dívida condiciona-nos no que pagamos de impostos diretos e indiretos. Além disso, o que temos atualmente é o resultado do que foi feito desde 2011”. No entender de Nuno Melo, António Costa tem-se limitado a prosseguir com o caminho que já vinha a ser sustentado e mantido pelo Governo PSD/CDS liderado por Passos Coelho. “O anterior Governo conseguiu crescer num cenário de crise global. Ainda bem que atualmente vemos a economia a crescer, mas não nos devemos esquecer que a dívida é uma das maiores da União Europeia”, defende, acrescentando que existem outras opções quando se fala da substituição de Jeroen Dijsselbloem: “Temos de ver quis e quem quer um convite para o cargo em questão. O homólogo espanhol [Luis de Guindos], por exemplo, terá recusado”.

Ainda assim, todos acreditam que Mário Centeno está longe de ser uma carta fora do baralho. A eurodeputada socialista Ana Gomes, por exemplo, não esconde que “o presidente do Eurogrupo tem sido sempre um ministro das Finanças” e que o nome de Mário Centeno continua a ouvir-se em Bruxelas.