Conselho de Segurança impõe novas sanções à Coreia do Norte

Washington espera que as sanções obriguem Pyongyang a parar com o programa nuclear. Kim Jong-un considerou as medidas como “uma violenta violação” de soberania e voltou a ameaçar os Estados Unidos

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou ontem uma resolução que impõe novas sanções à Coreia do Norte, definindo um limite à sua importação de petróleo e proibindo a exportação de produtos texteis. Esta medida é uma tentativa de forçar Pyongyang a pôr termo ao desenvolvimento do seu programa nuclear e balístico.

Se antes a Coreia do Norte importava quatro milhões de barris de petróleo por ano, a partir de ontem ficou limitada a metade. Caso as sanções sejam respeitadas por todos os Estados e entidades comerciais, Pyongyang poderá ver-se privada de receitas anuais na ordem dos mil milhões de dólares (850 milhões de euros), o que fragilizará ainda mais a sua economia e, talvez, o próprio regime. 

O líder norte-coreano reagiu às novas sanções ameaçando os Estados Unidos com a cobrança de um "preço devido pelo seu hediondo crime contra a nossa nação e nosso povo" e acrescentou que levará "a cabo uma ação justa e decisiva, tal como já advertimos". Ameaças à parte, Pyongyang também afirmou que as sanções decididas pelo Conselho de Segurança representam "uma violenta violação da nossa soberania" e que "não recuará um único passo no reforço do poderio nuclear". 

Os Estados Unidos pretendiam estabelecer um embargo total às importações de petróleo a Pyongyang, mas para obter o apoio da China e da Rússia aceitaram limitar as importações para metade. A China é a principal aliada e fornecedora de combustível ao regime de Kim Jong-un e já tinha demonstrado reticências na aprovação de mais sanções contra a Coreia do Norte, mesmo que tenha assumido, no âmbito desta crise, uma postura mais dura perante o aliado.

Os diplomatas ocidentais caraterizaram o voto unânime a favor das sanções no Conselho de Segurança como uma vitória em prol da unidade internacional em resposta à intransigência e provocações de Pyongyang. 

"Não estamos a enfrentar uma ameaça regional, mas global. Não uma ameaça virtual, mas imediata. Não uma ameaça séria, mas existencial", disse o enviado francês para as Nações Unidas, François Delattre. "Esta ameaça é o que nos une no Conselho de Segurança e, espero, o que nos levará à unidade quando se trata da votação".

A missão norte-americana na ONU emitiu um comunicado a anunciar que as sanções impostas à Coreia do Norte são as mais duras até ao momento. "Esta resolução reduz em 30% o petróleo fornecido à Coreia do Norte, cortando cerca de 55% do petróleo refinado que chega à Coreia do Norte", lê-se no comunicado. "Combinado com resoluções anteriores do Conselho de Segurança, mais de 90% das exportações publicamente conhecidas de 27 mil milhões de dólares estão agora banidas (carvão, texteis, ferro, frutos do mar), o que não inclui as receitas provenientes de trabalhadores emigrantes", explica o documento.

Poucos diplomatas e observadores acreditam que as medidas punitivas possam, sozinhas, forçar o regime de Kim Jong-un a parar com o desenvolvimento do seu programa nuclear e balístico. 

As sanções aprovadas ontem pelo Conselho de Segurança são o nono pacote de medidas impostas pelo organismo internacional desde 2006, quando Pyongyang começou a desenvolver seriamente o seu poderio nuclear ofensivo.