Ou a China cumpre as sanções à Coreia do Norte ou arrisca-se a ser sancionada, ameaçam os EUA

Pyongyang alvo de novas sanções da ONU. Kim Jong-un ameaçou EUA com “ação justa e decisiva”

As pressões norte-americanas à China na questão da Coreia do Norte continuam, mesmo depois de Pequim ter aceite intensificar as sanções contra Pyongyang na segunda-feira. O secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, disse ontem que, caso a China não cumpra as sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança contra a Coreia do Norte, será alvo de sanções de Washington, nomeadamente será impedida de aceder ao sistema financeiro norte-americano. 

“Se a China não aplicar estas sanções, vamos avançar com sanções adicionais contra ela e impedir os chineses de aceder aos Estados Unidos e ao sistema internacional do dólar, e isso é bastante significativo”, avisou Mnuchin.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou hoje uma resolução que impõe novas sanções à Coreia do Norte, definindo um limite à sua importação de petróleo e proibindo a exportação de produtos têxteis. Este é, desde 2006, o nono pacote de sanções para tentar forçar Pyongyang a pôr termo ao desenvolvimento do seu programa nuclear e balístico.

De quatro milhões de barris de petróleo importados por ano, a Coreia do Norte passou a estar limitada a metade. Caso as sanções sejam respeitadas por todos os Estados, Pyongyang poderá ver-se privado de receitas anuais na ordem dos mil milhões de dólares (850 milhões de euros), o que fragilizará ainda mais a sua economia. 

O líder norte-coreano reagiu às novas sanções ameaçando os EUA com uma “ação justa e decisiva, tal como já advertimos”. Pyongyang também afirmou que as sanções decididas pelo Conselho de Segurança representam “uma violenta violação da nossa soberania” e que “não recuará um único passo no reforço do poderio nuclear”. 

Os Estados Unidos pretendiam estabelecer um embargo total às importações de petróleo da Coreia do Norte, mas para obter o apoio da China e da Rússia aceitaram limitar as importações para metade. Pequim é a principal aliada e fornecedora de combustível ao regime de Kim Jong-un e já tinha demonstrado reticências na aprovação de mais sanções, mesmo tendo assumido, ao longo desta recente crise, uma postura mais dura perante o aliado.

Os diplomatas ocidentais caracterizaram o voto unânime a favor das sanções como uma vitória em prol da unidade internacional em resposta à intransigência e provocações de Pyongyang. “Não estamos a enfrentar uma ameaça regional, mas global. Não uma ameaça virtual, mas imediata. Não uma ameaça séria, mas existencial”, disse o embaixador francês junto da ONU, François Delattre. “Esta ameaça é o que nos une no Conselho de Segurança e, espero, o que nos levará à unidade quando se tratar da votação”.

A missão norte-americana nas Nações Unidas emitiu um comunicado a anunciar que as sanções impostas ao regime norte-coreano são as mais duras até ao momento. “Esta resolução reduz em 30% o petróleo fornecido à Coreia do Norte, cortando cerca de 55% do petróleo refinado que chega à Coreia do Norte”, lê-se no comunicado.

Poucos diplomatas e observadores acreditam que as medidas punitivas possam, sozinhas, forçar o regime de Kim Jong-un a colocar um ponto final no desenvolvimento do seu programa nuclear e balístico. Mas poderá levá-lo a sentar-se à mesa.