Champions. Leão entra a ganhar, águias não viram a luz ao fundo do túnel

O Sporting acabou por vencer pela margem mínima depois de uma primeira parte exemplar. O Benfica permitiu a reviravolta dos russos, na Luz, e somou a primeira derrota da época

E começou ontem a aventura europeia para Benfica e Sporting na Liga dos Campeões. Obrigatório tornou-se, contudo, falar primeiro dos leões depois de os primeiros quarenta e cinco minutos magistrais do conjunto verde-e-branco em solo grego diante de um Olympiacos, diga-se, com uma defesa mais frágil que canecas de vidro enroladas em cartão. Um aspeto longe, muito longe, de retirar, no entanto, qualquer mérito aos comandados de Jorge Jesus que ao intervalo venciam apenas por três bolas a zero. E apenas porque em Atenas oportunidades não faltaram para o emblema de Alvalade aumentar a vantagem. E de que maneira, razão pela qual os homens da casa devem ter agradecido, ou deveriam, a todos os deuses gregos por no marcador não estar o número seis ou até um sete, numa goleada que seria mais do que justa.

Entrada de leão

Ora, comecemos pelo início. Literalmente. Nem dois minutos tinham corrido quando Doumbia inaugurou o marcador no Pireu depois de cruzamento de Acuña. Se o arranque parecia prometedor o Sporting fez questão de corresponder às expectativas. Instantes depois, aos 13 minutos mais precisamente, Gelson Martins. Depois do marfinense ter encontrado o extremo, não houve quem agarrasse o internacional português que saiu em corrida desde o seu meio campo até à baliza defendida por Kapinos, aumentando a vantagem leonina e concretizando o seu quinto golo, em 8 jogos, naquele que já é o seu melhor arranque de temporada de sempre. O terceiro golo só chegaria em cima do intervalo por…, também não é difícil de adivinhar, Bruno Fernandes, médio central que já tinha gelado o ambiente na Grécia, cinco minutos depois do 2-0, com um remate direitinho ao poste. Sustos, aliás, não faltaram – caso das perdidas de Doumbia, novamente Doumbia, e de Coates ao minuto 20 e 23, respetivamente – para uns adeptos que, normalmente conhecidos pelo ambiente infernal dada a euforia desenfreada, se mostravam cada vez mais silenciosos por entre olhares incrédulos e gargantas com cada vez menos vontade de falar mais alto.

O regresso do balneário trouxe um Sporting menos ofensivo, é certo, mas sempre com o controlo do jogo até… aos últimos minutos. Depois de nova bola no poste, desta feita saída do pé de Bas Dost, que havia entrado para o lugar de Doumbia, foi a vez do Olympiacos brilhar. Ou melhor dito, a vez do ex-Braga Pardo brilhar. Atirado para o lugar de Carcela, depois do desespero em que o treinador albanês Besnik Hasi se encontrava há muito, o jogador foi o autor dos dois golos dos gregos em… quatro minutos. Com golos aos 89 e aos 90+3 minutos, o Olympiacos saía do relvado com um resultado que retratava muito pouco, ou mesmo nada, o que se tinha passado ao longo de todo o encontro. Contra o adversário mais acessível do grupo – que apesar de campeão crónico na Grécia e do resultado final conseguido esteve longe de durante mais de 80 minutos ser um clube digno de marcar presença na liga multimilionária de futebol – o Sporting cumpriu a missão com sucesso. De resto, este triunfo não deixa de ser um grande passo de Jorge Jesus e companhia para garantirem o carimbo na fase a eliminar da Liga Europa, numa altura em que ainda tem o Barcelona e a Juventus pela frente. Por enquanto, o Sporting segue na liderança do grupo D, a par dos blaugranas que venceram em Camp Nou os campeões italianos da Juventus por 3-0.

Desilusão na Luz

O Benfica, por sua vez, não pode sorrir. Com uma primeira parte sem grandes oportunidades e apesar da superioridade dos encarnados o intervalo chegava com o marcador tal e qual como no minuto zero. Zero-zero. Com um CSKA a valer-se da sua barreira defensiva, o golo do tetracampeão nacional acabou por surgir ainda nos momentos iniciais da segunda metade do encontro. Seferovic, aos 50 minutos, fez a festa nas bancadas, mas por muito pouco tempo. A reviravolta dos russos havia de começar de uma grande penalidade após mão de André Almeida na grande área de Bruno Varela. Aos 63 minutos, Vitinho, chamado a converter não falhou, e o exército vermelho entusiasmou-se de tal maneira que a insistência desdobrava-se em várias oportunidades de golo para o conjunto moscovita. Que acabaria por chegar, aos 70 minutos por Zhamaletdinov. Pesadelo na Luz na estreia europeia e primeira derrota dos comandados de Rui Vitória da época.

No fim, Grimaldo considerou o resultado injusto. “Fizemos um bom jogo, mas o resultado não é justo. Na Champions se não aproveitas as tuas oportunidades, acontece-te isto”.