O Porto não precisa de uma maioria absoluta

Rui Moreira fez, globalmente, um excelente mandato e é justo que vença as próximas eleições, de modo a que possa prosseguir com o seu programa e levar por diante os importantíssimos projetos que já anunciou. 

Uma vez mais, de todos quantos agora concorrem à Presidência da Câmara do Porto, é, para mim, o melhor candidato.

Merece vencer, e em coerência votarei nele.

Creio no entanto que o Porto ganhará se essa vitória, que desejo expressiva, não lhe der a maioria absoluta.
Sejamos claros, tal como no mandato que agora termina, há PP a mais nesta candidatura independente. 

A forma de equilibrar a balança seria que, face ao resultado das eleições, houvesse a obrigatória necessidade de fazer acordos com outras forças políticas.

Como ficou provado com o acordo pós eleitoral que, com mestria, Rui Moreira foi capaz de firmar com o PS, que funcionou muitíssimo bem até ao desentendimento de todos conhecido, é possível sim estabelecer acordos com vantagem para a cidade.

E as possibilidades são várias, repetir o modelo anterior com o mesmo partido, ou com outro, ou simplesmente ir fazendo acordos pontuais com qualquer um deles sempre que se justifique.

Como se viu nos últimos quatro anos, quando estão em causa os interesses do Porto, é, felizmente, mais o que une do que o que separa as diferentes forças políticas, honra lhes seja feita.

O Porto não precisa, por isso, de uma maioria absoluta.

E se assim é quanto ao executivo por maioria de razão deverá ser quanto à Assembleia Municipal.
Sejamos de novo claros, a Assembleia Municipal é um órgão de fiscalização da atividade do executivo pelo que faz todo o sentido que as diferentes oposições tenham voz e contribuam para gerar os consensos necessários.

Vou ainda mais longe, embora pessoalmente considere que o atual Presidente da Assembleia Municipal fez também globalmente um bom mandato, entendo que, sobretudo na hipótese de Rui Moreira eventualmente obter uma maioria absoluta, haverá vantagens em que a mesma venha a ser presidida por alguém com um maior distanciamento da gestão.

Tanto mais que, felizmente, qualquer dos candidatos que agora estão na corrida aquele órgão autárquico tem condições para poder vir a exercê-lo igualmente bem.

Pessoalmente já fiz a minha escolha, votarei em Pedro Duarte, o cabeça de lista do PSD que conheço bem e tenho a certeza possui as características quer humanas, quer profissionais, quer políticas que o cargo impõe.

É importante separar as águas, a gestão da fiscalização, não me parece pois nada dramático que do resultado eleitoral saiam duas maiorias diferentes, uma para o executivo e outra para a Assembleia Municipal. 

Como já aqui escrevi, noutra ocasião, não aprecio as cortes de gente acrítica, alinhada por um pensamento único. O Porto e a democracia tem muito a ganhar com o debate de ideias franco e aberto entre todas as forças políticas. 

É preciso que se seja capaz de, sem complexos, aceitar e valorizar todos os contributos positivos independentemente da sua proveniência partidária.

É urgente acabar com o radicalismo reinante em todas as geografias políticas, mesmo nas ditas independentes, que se traduz num simplório ‘ou pensas como nós ou estás contra nós’. 

Na verdade não existe maior prova de lealdade e de amor ao Porto do que ter a coragem de discordar e dizer que o rei vai nu, ainda que politicamente incorreto, se isso for o melhor para a cidade.

Pensar diferente não é ser traidor e ser leal não é ser incondicional. É bom que não se confundam as coisas.

Como muito bem diz Rui Moreira, no seu movimento cabem todos, pois que assim seja também depois das eleições e seja qual for o seu resultado. 

É tempo de somar e não de subtrair pois todos juntos somos mais e temos mais força.

O Porto merece o melhor.