Os boiões de fruta ou de sopa fazem ou não mal aos bebés?

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Há pais que juram a pés juntos que nunca deram um boião de sopa ou fruta industrial aos filhos. E chegam a olhar de lado para quem o faz. Só podem estar carregados de corantes e conservantes, defendem. Mas o que dizem os especialistas sobre as refeições industriais como iogurtes que não precisam de frigorífico, boiões de legumes com carne ou purés de fruta para beber?

A Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) garante que “os boiões de comida para alimentação infantil são, regra geral, alimentos formulados a pensar nas necessidades das crianças”. “São produzidos por empresas especializadas em alimentação infantil que seguem regras de seguranças e adequação nutricional”, explica Rute Neves da Comissão de Nutrição da SPP. 

Isto não significa que seja adequado fazer das refeições industriais o essencial da alimentação do bebé. Não que elas sejam prejudiciais na sua composição, mas antes porque se deve apostar na diversidade alimentar e dar a experimentar várias texturas às crianças. “Estas diferentes experiências facilitam a aquisição de hábitos alimentares saudáveis para o futuro. A utilização generalizada dos boiões dificilmente permite essas diferentes experiências”, explica a especialista.

Os portugueses (e os europeus em geral) têm esta consciência, já que é raro encontrar pais que alimentem exclusivamente os bebés com refeições industriais, como acontece noutros países como nos Estados Unidos. Deve ser motivo de orgulho esta cultura de cozinhar a comida do bebé em casa, mas os progenitores não se devem sentir culpados quando não o conseguem fazer.

Nos dias em que não há tempo para fazer o jantar ou não se conseguiu comprar fruta, não vem mal ao mundo por dar refeições preparadas. O mesmo se aplica a outras situações, como quando se está em viagem ou em qualquer outro momento em que não é conveniente levar comida de casa ou não se pode conservá-la no frigorífico.
 

Prazos de validade longos? O segredo está na fábrica

A legislação portuguesa e europeia não permite a utilização de corantes nem conservantes nos produtos alimentares para os bebés. Os prazos de validade longos devem-se às técnicas de cozedura e de armazenamento.

“Os ingredientes passam por um processo de cozedura a vapor, em ambiente esterilizado, uma forma natural de conservação. Este processo permite que não sejam adicionados conservantes”, explicam os responsáveis da Nestlé, um dos principais produtores de refeições.

“A fruta ou a refeição preparada é colocada nos boiões, fechamo-los a vácuo com uma tampa limpa, e provida do som de segurança, e em seguida são submetidos a um tratamento térmico adequado. O som ‘plop’ que os pais ouvem ao abrir os boiões é a garantia da segurança do produto”, concluem.

Os produtores destas refeições garantem que os produtos dedicados aos mais novos são sujeitos a um controlo de qualidade muito superior ao dos que são vendidos para adultos. Ainda a Nestlé, por exemplo, assegura que são realizados mais de 100 testes ao longo do seu processo de fabrico.

Já quanto aos iogurtes que não precisam de frigorífico, mais uma vez é o processo de fabrico que permite que se conservem à temperatura ambiente. Também os iogurtes são sujeitos a um tratamento térmico que elimina quaisquer microrganismos e são fechados hermeticamente numa película de alumínio, permitindo que se conservem sem que precisem de estar no frigorífico ou conter conservantes.

O mesmo se passa com os boiões de legumes, carne e peixe. É importante, ainda assim, que os pais verifiquem na lista de ingredientes se estas refeições têm ou não adicionado sal, já que nem todas as marcas deixam de temperar as refeições. O melhor é seguirem os conselhos do médico assistente e verificarem se nos ingredientes de cada refeição está presente algum alimento desaconselhado à criança.