Editorial BI. Queremos continuar aqui

De cada vez que um jornal sopra uma vela – concorde-se ou não com a linha editorial do mesmo – a sociedade devia celebrar. 

Os jornais, chamados em tantos julgamentos sumários vistos nessas redes sociais de pasquins, por mais erros que cometam, ainda são um bastião de idoneidade e um espaço em que a percentagem de bons e úteis trabalhos em muito supera os menos conseguidos.

Numa época em que as redações encolhem e em que o clickbait é transversal, corda ao pescoço para trazer alguma liquidez fruto das vias publicitárias, a autocrítica é necessária como nunca. Julgo que o caminho, seja ele em papel ou num ecrã, deverá ter sempre este fio de prumo a balizar os lugares onde ainda havemos de ir.

Aflige-me o regozijo manifestado por alguns setores e por algumas pessoas quando um jornal fecha. Por isso, na outra face da moeda, penso que as celebrações não devem ser deixadas em branco, e é isso que resolvemos fazer esta semana na edição do b,i., uma espécie de semana em revista de 11 anos de histórias.

Um jornal, como qualquer empresa mas como nenhuma outra, é feito de pessoas. O SOL faz onze anos, muitos menos para mim, e nesta data quero celebrar as pessoas que me fizeram jornalista, que me criticaram, que encheram durante anos estas páginas de tantas entrevistas de fundo, de tantas notícias em primeira mão e de tantas investigações importantes para a robustez do pilar da democracia. E quero falar dos que foram porque os que ficaram têm aqui, todas as semanas, o seu trabalho a falar por eles.

A Ana Paula Azevedo, minha primeira editora e, para mim, nome maior disto que é fazer (bom) jornalismo, que deixou esta casa há precisamente um ano mas cujos ensinamentos recordo em todas as teclas, em todas as caixas, em todas as vezes em que escrevo «segundo» e não «de acordo com». «Não estamos de acordo com nada!». A Sónia Balasteiro, a Sónia Graça, a Catarina Guerreiro, a Joana Ferreira da Costa e a Rita Palhinha Carvalho, a equipa de Sociedade para a qual fui quando entrei, ainda na redação de Queijas. A Teresa Oliveira e o Manuel Agostinho Magalhães, a Telma Miguel, a Alexandra Ho, a Rita Silva Freire.

E, por último, a Raquel Carrilho, que deixou de ser jornalista sem o deixar ainda e me legou de herança estas páginas onde hoje celebramos 11 anos. Estamos aqui. Vocês estão sempre aqui. E queremos continuar aqui.