Paulo Vistas. ‘Nenhum oeirense assaltaria a sede de campanha de Isaltino Morais’

Vistas recusa a imputação a qualquer campanha ou a qualquer cidadão de Oeiras. Para o presidente de Câmara, o assalto à sede de Isaltino não passou de uma ‘manobra’. 

A consolidação orçamental tem sido uma bandeira da sua campanha. Não receia ter poupado durante o mandato para o sucessor usufruir? 

Não, até porque nós aquilo que fizemos foi um plano de médio e longo prazo. Note que hoje em dia, para investir, é preciso ter aforro. Aquilo que nós dissemos aos eleitores em 2013 foi que apresentávamos um projeto para doze anos. Os primeiros quatro, sim, foram para consolidação orçamental. Conseguimos gerar poupança apesar das dificuldades que o país atravessou e não deixámos de realizar investimentos necessários. 

Por exemplo?

Na área da Saúde, com os três centros de saúde, e com o passeio marítimo, entre outros. Na altura, tínhamos uma tesouraria com cerca de 2 a 3 milhões de euros; hoje, temos uma tesouraria com 67 milhões de euros. Reduzimos mais de 30% a dívida do município e pagamos a tempo e horas aos nossos fornecedores e parceiros na área social, cultural e do desporto. Hoje, estamos em condições de reforçar o investimento em Oeiras porque lutamos por estas condições. Foi um trabalho árduo, que queremos consolidar. 

O papel de responsabilidade não pode ser eleitoralmente ingrato? 

É aos eleitores que cabe escolher. Se realmente querem apostar num projeto que lhes dá segurança e certeza que o seu dinheiro é bem gerido, ou se querem apostar num projeto que apresenta obras megalómanas e que o risco é verdadeiramente elevado face àquilo que devem ser as prioridades do município.

Não teme que o elevado número de candidatos da sua área política e também independentes este ano em Oeiras o prejudique? 

Não acho… As pessoas sabem. Os eleitores têm a perfeita consciência do que foram estes quatro anos em termos de projeto, de orçamento e de dificuldades superadas. Nós gerimos com critério, com justiça. Fizemos investimento e, sobretudo, consolidamos e reforçamos as contas do município, pagando dívida. Chegamos ao fim deste primeiro período, deste primeiro ciclo de quatro anos, e temos condições para que no próximo ciclo se consiga investir mais.

Como?

Não com recurso a mais endividamento nem com dependência de fundos comunitários, posso assegurar-lhe. Esse discurso não passa de uma falácia na medida em que as contribuições comunitárias são cada vez mais diminutas hoje em dia. Mas isto não é a mesma coisa que dizer ‘vamos desistir’; é somente defender que o desenvolvimento tem que ser – e vai ser – sustentável. É assim que se faz futuro.

Não receia a abstenção como inimigo da sua candidatura?

Eu receio a abstenção e aproveito aqui para apelar ao voto de todos os oeirenses. A democracia precisa efetivamente que as pessoas votem. Quem acredita nessa democracia deve empenhar-se para que o valor da abstenção seja o menor possível. Não é aceitável que um concelho como Oeiras tenha para cima de 56% de abstenção… Demonstraria um afastamento da atividade política que seria evidentemente fruto dos vários episódios do passado que não motivam as pessoas a irem às urnas.  

Há muitas pessoas a dizer que não deveria haver candidaturas com processos judiciais recentes. Partilha dessa opinião? 

Eu acho que isso é um problema que deve ser discutido pelos partidos que estão representados na Assembleia da República, porque é um assunto que concerne à lei. Não é, na minha opinião, um problema que um movimento independente como o nosso deva discutir em campanha eleitoral. Cada um dos cidadãos deve ter a noção daquilo que são os valores e a ética. Além da lei, há a consciência de cada um. E a lei é da responsabilidade das forças partidárias com assento parlamentar. 

Mas na sua opinião pessoal. 

É aos cidadãos e não aos candidatos que compete falar sobre isso. Eu tenho opinião, claro que tenho, mas o mais importante é cada um dos eleitores vote de acordo com os seus princípios e com a sua consciência. 

Como viu os assaltos recentes a sedes de campanha de outros candidatos? Preocupação?

Não, não vi com preocupação porque sei que nenhum oeirense alguma vez cometeria um ato semelhante. Espero que não seja mais uma manobra de vitimização para criar um facto mediático. Estranho e não posso aceitar que se impute a qualquer candidatura ou a qualquer cidadãos de Oeiras esse ato. Espero também que rapidamente as forças de segurança apurem a verdade. 

Acha que o incidente foi aproveitado para campanha eleitoral?

Acho, acho que sim. É evidente. Mais uma vez foi um processo montado para a vitimização. Espero que os factos sejam apurados. Na minha opinião, não passam de uma manobra para montar uma teoria de conspiração.