Estamos a um mês da apresentação do negociado Orçamento do Estado para 2018, a quinze dias das importantes eleições autárquicas e a oito dias das relevantes eleições legislativas na Alemanha, que são determinantes para o futuro próximo desta desconcertante Europa. 

E mesmo que alguns não gostem da nossa ‘soberania limitada’, têm de acompanhar com toda atenção estas eleições alemãs. 

Sem deixarmos de olhar, num misto de perplexidade e de interrogação – com um pouco de leitura da História! -, para o movimento independentista que percorre a Catalunha. 

O que sabemos é que há novos anseios e crescentes angústias neste mundo bem complexo. E a única certeza que podemos ter… é que não temos certeza alguma. 

Também não devemos ignorar que as práticas do passado pertencem ao passado. Foram adequadas na sua época, mas há muito que deixaram de o ser. Em múltiplos âmbitos e setores de atividade. Como, por exemplo, no âmbito municipal. Principalmente nas áreas metropolitanas. 

A liderança municipal em ambiente metropolitano só pode ter como ‘genética construtora’ o saber da específica e própria liderança metropolitana, e o saber da partilha em ambiente intergovernamental. Ou seja, exige experiência. E tem de possuir competência na visão e prospetiva metropolitana, pelo que o líder municipal também deve ser um construtor de formulações institucionais metropolitanas.

O espaço urbano europeu, esta concreta cidade europeia, é o resultado de uma ‘permanente orquestração’ de permanentes negociações complexas e descontínuas. 

Reconheça-se, entretanto, que, embora essa ‘permanente orquestração’ seja causa de demoras e adiamentos na tomada de decisões, também pode configurar oportunidades de relevo. As imperfeições no sistema de decisão, ao invés de se traduzirem exclusivamente em limitações, também podem encerrar virtudes. 

A imperfeição é o produto de um sistema que, embora tolere a cada um dos seus componentes um certo grau de conflito e autonomia relativa, tende a manter a solidez direcional – graças a um enquadramento, a um desenho, que, embora ‘pareça’ distante e confuso, é partilhado por todos. 

São estes alguns dos desafios nas próximas eleições autárquicas. Mesmo que alguns os ignorem e outros os não desejem debater. Mas eles aí estão. A bater à nossa porta. E entram mesmo que não a queiramos abrir…