Ryanair cancela voos e enfrenta turbulência até ao final de outubro

Apesar dos protestos de vários passageiros, a companhia aérea de baixo custo vai cancelar ligações para “melhorar pontualidade”

A Ryanair decidiu reduzir 40 a 50 voos por dia durante seis semanas, até ao final de outubro. A ideia, de acordo com a companhia aérea, é conseguir melhorar a pontualidade. No entanto, a medida tem sido alvo de várias críticas por parte dos passageiros que foram apanhados de surpresa, alguns deles avisados apenas de véspera. 

Feitas as contas, de acordo com a Reuters, se a transportadora aérea de baixo custo cancelar 40 voos por dia, com uma taxa de ocupação de 90% cada um, poderão ser afetadas cerca de 285 mil viagens nas próximas semanas.

Para a companhia, o importante é conseguir dar a volta aos problemas de pontualidade já que, em setembro, a taxa caiu abaixo de 80%, nas primeiras semanas.

Um cenário que, em grande parte, é explicado pelas greves, férias de funcionários e ainda pela obrigação de respeitar as regras de voo de pilotos e tripulação.

Apesar do descontentamento que já chegou às redes sociais, a empresa garante que está a fazer os possíveis para minimizar o transtorno para os passageiros. “Todas as pessoas que têm voo cancelado estão a ser colocadas no voo seguinte para o mesmo destino, ou é-lhes oferecida a possibilidade de um reembolso total”, explica fonte da Ryanair.

Ryanair perde em tribunal A enfrentar problemas relacionados com o descontentamento de vários passageiros que viram os seus voos serem cancelados, a empresa tem estado também a braços a com a justiça.

A companhia aérea de baixo custo perdeu, esta quinta-feira, no Tribunal de Justiça da União Europeia depois de ter tentado forçar os colaboradores que trabalham em bases fora da Irlanda a verem as suas disputas serem tratadas em tribunais irlandeses.

A ideia da tripulação de cabine era que o caso fosse julgado num tribunal belga por achar que a lei seria mais favorável, mas a companhia entendeu que o melhor seria o caso ser julgado na Irlanda. De acordo com a Reuters, “o tribunal salienta que no que diz respeito aos litígios relacionados com contratos de trabalho, as regras europeias visam proteger a parte mais fraca”. E é aqui que se enquadra o facto de “as regras permitirem, entre outros aspetos, que os colaboradores recorram aos tribunais que considerem mais próximos dos seus interesses”.

De acordo com Para Philip von Schoeppenthau, da European Cockpit Association, trata-se de uma decisão “histórica” porque é uma “ luz para os trabalhadores que se esforçam para encontrar proteção legal no local onde estão destacados, invés de serem obrigados a procurar recursos judiciais na Irlanda”.

Falamos de trabalhadores com contratos feitos à da lei irlandesa, sem que esse fosse o local para onde estavam destacados. No caso dos trabalhadores em questão, a base é o Aeroporto Charleroi, na Bélgica. O caso volta assim para as barras da justiça belga, que dará a decisão final sobre o assunto.

No entanto, esta não é a primeira vez que a companhia enfrenta uma situação deste género. As más condições de trabalho dadas pela transportadora aérea de baixo custo têm estado na ordem do dia e já foram alvo de penalizações em anos anteriores. Em 2013, por exemplo, a companhia foi condenada a pagar uma multa de dez milhões de euros por violar leis laborais. Também aqui as acusações tinham a ver com o facto de registar os trabalhadores empregados em França como trabalhadores irlandeses, impedindo o funcionamento de plenários e acesso a sindicatos no Aeroporto de Marseille-Marignane.