Rio Ave-FC Porto. De cabeça ou à bomba se faz o melhor dragão desde Villas-Boas

Desde 2010/11, na gloriosa “one-season wonder” do técnico que agora se passeia pela China, que os azuis-e-brancos não venciam os primeiros seis jogos do campeonato. Em Vila do Conde foi tudo menos fácil, mas a liderança está firme

Seis jogos, seis vitórias, 14 golos marcados e um sofrido. As últimas exibições não têm acompanhado o fulgor da fase inicial da temporada, mas para já, tal não encontra repercussão na classificação da Liga: este FC Porto, o melhor desde André Villas-Boas, mete medo. Em Lisboa mora outra equipa imaculada: o Sporting, que recebe os dragões daqui a duas semanas. Duelo de gigantes – até agora, os verdadeiros bichos-papões deste campeonato.

Ontem, em Vila do Conde, na ressaca da entrada em falso na Liga dos Campeões, Sérgio Conceição surpreendeu, colocando Herrera e Otávio nos lugares de Óliver e Corona. Mas com uma variação tática interessante: Marega descaído sob o corredor direito e Otávio no apoio a Aboubakar. Isto… até aos 40 minutos, quando voltaram às posições habituais – muito melhor assim, mister Sérgio. Até então, jogo muito dividido, com Brahimi e Marega a ameaçar a baliza de Cássio e, do outro lado, um perdulário Guedes e um irrequieto Barreto a ameaçar pôr em perigo as redes à guarda de Casillas.

O segundo tempo começou da mesma forma que o primeiro, mas com uma diferença fulcral: melhores índices de finalização por parte dos portistas. Felipe ameaçou o golo aos 48’ e Aboubakar levou uma eternidade para decidir aos 54’, mas no canto que se seguiu, Danilo não perdoou e abriu finalmente o marcador, desviando de cabeça. Por esta altura só dava FC Porto, e com Marega em destaque: no seu jeito desengonçado e trapalhão – mas tremendamente eficaz -, o avançado maliano foi avisando. A defesa do Rio Ave não ligou… e acabaria por pagar cara a insolência aos 67’: assistido por Brahimi, Marega finalizou com um remate seco uma jogada que o próprio havia iniciado, ampliando o marcador.

 

Cinco pontos sobre o tetracampeão Foi então que o Rio Ave despertou. Miguel Cardoso mexeu e um dos suplentes lançados para o jogo, o grego Karamanos, haveria de desempenhar um papel essencial no golo que surgiu aos 80’, ao assistir Nuno Santos, que ontem apareceu no onze dado o castigo de Francisco Geraldes. Estava desfeita a assinalável sequência de jogos sem sofrer golos do FC Porto – ficou-se pelos 530 minutos. Seguiram-se alguns minutos de enorme pressão vila-condense… até que Marcão decidiu auto-expulsar-se: o central brasileiro, que já tinha amarelo, investiu de cabeça contra Marega numa bola dividida a meio-campo, deixando o maliano estendido no chão. Instalou-se a confusão junto dos dois bancos, resolvida pelo árbitro Jorge Sousa da única forma possível – segundo amarelo e o caminho do balneário para o defesa do Rio Ave.

Um vermelho que pôs fim à tentativa de recuperação dos vila-condenses, ditando a sua primeira derrota caseira nos últimos 17 jogos – esta época somava três vitórias e um empate, frente ao Benfica. Por falar no tetracampeão, a atravessar uma fase agonizante – duas derrotas consecutivas e apenas um triunfo (o sofrido 2-1 ao Portimonense na Luz) nos últimos quatro jogos -, vê já os dois grandes rivais à distância pouco lisonjeira de cinco pontos. Não são números irrecuperáveis, é certo – basta lembrar que há dois anos, na época de estreia de Rui Vitória na Luz e de Jorge Jesus em Alvalade, as águias chegaram a estar com menos 11 pontos que os leões e acabariam por se sagrar campeãs com o maior número de pontos da história da prova.

Esta época, todavia, os sinais não parecem nada animadores para os lados da Luz. Com uma defesa de papel, liderada por um jovem guarda-redes que no Bessa parecia ter mãos de manteiga, e um meio-campo em claro sub-rendimento, o Benfica terá de arrepiar caminho rapidamente, sob pena de ficar muito cedo arredado da luta por um campeonato que desejaria ser histórico. É certo que daqui a duas jornadas há um Sporting-FC Porto, mas nessa mesma ronda as águias visitam um dos redutos mais complicados da prova: o do super-Marítimo, que conta por vitórias os quatro encontros disputados nos Barreiros esta temporada e ocupa neste momento o terceiro lugar, a três pontos da liderança e à frente… dos encarnados.

 

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