Autárquicas. A luta fratricida de Oeiras

É o concelho com mais candidatos. Três têm ligações ao PSD. O PS nunca ganhou Oeiras e avança com um peso-pesado, Joaquim Raposo

Oeiras é um dos concelhos onde se avizinha uma luta mais forte pelos votos destas autárquicas. É onde há o maior elenco de candidatos: 13. Mais quatro face às últimas eleições, em 2013. Além disso, haverá um confronto entre um autarca histórico, que esteve preso nos últimos anos, com o seu delfim e com um dos autarcas mais antigos do PS, que nunca esteve aos comandos da Câmara de Oeiras.

Desde que há eleições autárquicas democráticas em Portugal (1976), houve poucos anos em que Isaltino Morais, antigo barão do PSD, não esteve sentado na cadeira de presidente da Câmara de Oeiras. Nos últimos 41 anos, o autarca e ex-ministro do Ambiente e do Ordenamento, esteve aos comandos de Oeiras durante 25 anos: primeiro entre 1985 e 2003, altura em que assumiu funções no governo de Durão Barroso. Regressou depois entre 2005 e 2012. Pelo meio, em 2009, foi condenado pelo Tribunal de Sintra a sete anos de prisão e a perda de mandato por fraude fiscal, abuso de poder e corrupção passiva para ato ilícito e branqueamento de capitais. Depois de esgotados todos os recursos, Isaltino acabou mesmo por ser detido em 2013 para cumprir uma pena que, entretanto, em 2010, foi reduzida para dois anos de prisão.

Isaltino Morais tem como adversários nas urnas outros 12 candidatos, sendo um deles especialmente próximo: o atual presidente da Câmara, o seu antigo delfim Paulo Vistas, que foi seu vice-presidente.

Paulo Vistas, candidato na lista “Independentes, Oeiras mais à Frente”, esteve aos comandos da autarquia depois de ter vencido as últimas autárquicas, em 2013, precisamente através do movimento que foi criado na altura por Isaltino Morais.

Em agosto o Tribunal de Oeiras rejeitou a candidatura de Isaltino que não tardou a lembrar que o juiz que tomou a decisão foi padrinho de casamento de Paulo Vistas.

Mas há outros candidatos de peso. É o caso de Joaquim Raposo, que liderou a Câmara da Amadora durante 16 anos e foi coordenador das autarquias socialistas. Agora, Raposo, que é deputado, foi a escolha do PS para enfrentar um concelho que sempre foi social-democrata.

Pelo PSD, a corrida às urnas vai ser disputada por Ângelo Pereira, que tem o apoio do CDS. Ângelo Pereira foi vice-presidente da distrital de Lisboa, tendo sido nos últimos quatro anos vereador de Paulo Vistas. Com esta candidatura, Passos Coelho acredita que “liberta” o concelho “de um jogo político um bocadinho viciado”.

A candidata da CDU é deputada de “Os Verdes” no parlamento, Heloísa Apolónia. O candiato do Bloco de Esquerda é Miguel Pinto, antigo professor de Matemática, dirigente da concelhia e deputado na assembleia da freguesia de Algés, Linda a Velha e Cruz Quebrada-Dafundo.

Há outros independentes: Isabel Sande e Castro corre pelo partido Nós, Cidadãos! e Sónia Amado Gonçalves, pelo movimento Renascer Oeiras 2017. Pelo PAN, que elegeu um deputado no concelho em 2013, Pedro Torres é o candidato. O Livre candidata Safaa Dib, o PTP e PCTP/MRPP André Madaleno e Alda Gameiro. O candidato do PNR é Pedro Perestrello.