Hoteleiros europeus juntam-se e o inimigo número um é o Booking

Em causa estão dois grades entraves que são as comissões e as cláusulas de paridade

Vários empresários do setor da hotelaria poderão vir a avançar com um processo a nível europeu contra a Booking, plataforma de reservas online, por práticas que prejudicam a concorrência. A notícia foi avançada ontem pelo jornal Cinco Días, que refere que um dos problemas é que a gigante de reservas conseguiu já uma quota europeia de 63% das reservas online de hotéis. No meio das acusações está o facto de não permitirem que os hoteleiros baixem os preços e ainda de cobrarem comissões muito elevadas. 

Ainda que não sejam enumeradas as associações que pretendem avançar com a ação contra o Booking, a verdade é que esta não é a primeira vez que a plataforma é alvo de queixas por abuso de posição dominante.

Há dois objetivos no horizonte dos hoteleiros. Um deles tem a ver com as comissões que são pagas a esta ou a outras plataformas do género. De acordo com Ramón Estalella, secretário-geral da Confederação Espanhola de Hotéis e Alojamentos Turísticos (CEHAT), as agências de viagem tradicionais cobram uma percentagem de 9%, enquanto as plataformas online cobram mais do que o dobro deste valor.

“Eles dizem que cobram uma média de 15%, mas os nossos cálculos mostram que é 22%”, explica Ramón Estalella, descrevendo a situação como “abusiva”.

O outro ponto em cima da mesa e que tem especial importância para os empresários do setor tem a ver com os preços. Há cláusulas que obrigam o setor hoteleiro a praticar os mesmos preços para o mesmo tipo de quarto em todos os canais de venda. Na prática, isto significa que estão impedidos de vender quartos mais baratos do que as plataformas digitais como o Booking. 

A publicação espanhola sublinha ainda que, em 2015, as autoridades francesas e italianas chegaram a um acordo com a gigante de reservas online através do qual o Booking se comprometia a não aplicar as cláusulas de paridade. De acordo com o económico espanhol Cinco Días, este pacto entrou em vigor a 1 de julho de 2015 e tem a validade de cinco anos. Em caso de incumprimento, o portal online fica sujeito à aplicação de coimas multimilionárias. 

Recorde-se que há cada vez mais pessoas a reservar as viagens através destes portais.