Seis em seis. Dragões e leões igualam feito com 27 anos

Desde 1990/91 que não se via duas equipas com seis vitórias nas primeiras seis jornadas. E foram, há 27 anos, exatamente as mesmas de agora: FC Porto e Sporting. Curiosamente,nessa temporada acabou por ser o Benfica a fazer a festa no fim, apesar da sequência incrível dos verdes-e-brancos: 11 vitórias consecutivas a abrir

Entre o triunfo à bomba do Sporting em Alvalade, na receção ao Tondela (2-0), e a vitória mais suada do FC Porto em Vila do Conde (2-1) se chegou ao fim da sexta jornada da Liga portuguesa 2017/18. Estes dois resultados confirmaram o início absolutamente irrepreensível das duas formações nesta temporada: seis jogos, seis vitórias e a liderança partilhada a dois – até porque o tetracampeão Benfica insiste em dar tiros nos próprios pés, tendo averbado precisamente nesta ronda a primeira derrota na prova (1-2 no Bessa, perante o Boavista), e está já a uma considerável distância de cinco pontos.

Seis jornadas significa já uma soma respeitável de partidas. Seis jornadas em pleno é ainda mais assinalável – desde 2000, só o FC Porto, em duas ocasiões (2010/11 e 2007/08), e o Braga, numa (2009/10), o haviam conseguido. E duas equipas atingirem tal registo ao mesmo tempo é ainda mais raro: havia acontecido apenas em duas ocasiões em 83 anos de história da prova – 1947/48 e 1990/91. Na primeira, foram Belenenses e Sporting os autores da proeza; na segunda, FC Porto… e novamente os leões.

Há 27 anos, de resto, o Sporting acabaria por conseguir o melhor início da sua história: foram 11 vitórias consecutivas para a equipa então orientada pelo brasileiro Marinho Peres. Na 12ª ronda, em Chaves, começou o descalabro: empate 2-2, num jogo em que os leões até estiveram a vencer por 2-0. No fim da época, o Sporting iria acabar em terceiro, a 13 pontos do campeão Benfica – isto, numa altura em que as vitórias ainda valiam apenas dois pontos. Já o FC Porto caiu logo na sétima jornada dessa temporada 90/91, perdendo em casa com o Nacional (1-2).

Nesta guerra de plenos, refira-se que foi o Benfica o primeiro a festejar. E logo nos primórdios da Liga: em 1936/37, sob o comando do húngaro Lippo Hertzka. É, porém, também o “grande” que está há menos tempo sem o conseguir: desde 1982/83, a primeira época de Sven-Goran Eriksson ao leme. Pertence às águias, todavia, o melhor registo de vitórias consecutivas de sempre: foram 23 triunfos seguidos em 1972/73! Uma temporada que terminou com o Benfica de Jimmy Hagan a celebrar o tricampeonato com 28 vitórias e apenas dois empates!

A melhor série vitoriosa a abrir do FC Porto, já agora, data de 1939/40: 13 triunfos consecutivos e o título nacional conquistado. Era o húngaro Mihaly Siska o treinador.

Ao todo, FC Porto e Sporting conseguiram já fazer o pleno nas primeiras seis jornadas em seis ocasiões cada. O Benfica fica-se pelas cinco, numa contabilidade que fica preenchida pelas duas exceções já referidas anteriormente: Belenenses em 1947/48 e Braga em 2009/10.

Inglaterra e Alemanha já caíram O feito de dragão e leão só encontra paralelo num dos grandes campeonatos europeus na temporada em exercício, o único que já soma igualmente seis jornadas disputadas: o francês, onde o todo-poderoso Paris Saint-Germain vai ostentando o seu poderio a cada jornada. Para já, são seis vitórias em seis jogos, com 21 golos marcados e apenas três sofridos. O Mónaco de Leonardo Jardim, campeão em título, segue a três pontos.

Em Itália, são três os conjuntos que contam por vitórias os quatro jogos disputados: Nápoles, Juventus e Inter de Milão. Igual feito conseguiu o Barcelona em Espanha: quatro jogos, quatro motivos para festejar. Pelo contrário, em Inglaterra e na Alemanha já ninguém pode celebrar o sabor de um pleno: Manchester United e Manchester City lideram na Premier League, mas ambos já concederam um empate nos cinco jogos disputados; o mesmo acontece com o Borussia Dortmund e o Hannover 96 na Alemanha, neste caso com três vitórias e um empate em quatro jornadas.

Taça da Liga para distrair No meio deste estado de graça para dragões e leões, surge essa sempre incómoda prova chamada Taça da Liga. Neste caso, apenas Jorge Jesus terá de se preocupar com isso para já, pois o FC Porto só entrará em ação na prova a 24 de outubro – tem por isso a semana toda livre para planear a receção de sexta-feira ao Portimonense, onde procurará superar o registo atual e prolongar para sete o número de vitórias consecutivas a abrir. Se o conseguir, Sérgio Conceição pulveriza o registo de André Villas-Boas – embora o atual treinador portista já tenha garantido que esses registos não lhe dizem nada…

Pelo contrário, como dizíamos, o Sporting entra esta noite em ação na competição mais odiada do futebol nacional. Recebe o Marítimo, a equipa-sensação da temporada (é terceira no campeonato, apenas a três pontos da liderança), e espera um adversário “na máxima força”, de acordo com as palavras de Jesus na antevisão ao encontro – onde prometeu ambição para conquistar a prova e continuar “na senda de vitórias”.

Os madeirenses, todavia, acabaram por trocar as voltas ao treinador do Sporting. Daniel Ramos deixou alguns habituais titulares de fora da convocatória (casos de Charles, Zainadine ou Edgar Costa) e admitiu que irá dar minutos a jogadores menos utilizados até agora, assumindo esperar o mesmo do outro lado. “Preciso inevitavelmente de fazer grandes mudanças neste jogo. O campeonato é prioritário, a Taça (de Portugal) também, porque é histórica”, justificou o técnico da formação insular, que até tem um historial de respeito nesta competição: foi duas vezes finalista vencida.