Passos Coelho chama “perversão” à interferência do governo na supervisão financeira

O líder do PSD aconselha Costa a mudar de posição para contar com o apoio social-democrata

“Se o que queremos é reforçar a independência dos supervisores, depois não podemos fazer um Conselho de Supervisores onde está o governo”, afirma Pedro Passos Coelho, durante a campanha para as Autárquicas em Arcos de Valdevez. O líder da oposição chega mesmo a dizer que é uma "perversão, um passo atrás”, um “desacerto relativo àquilo que se passa na União Europeia”.

Para Passos, esta alteração pode ter a ver com a posição do Bloco de Esquerda e do PCP face ao atual governador do Banco de Portugal. O líder do PSD aconselha o executivo a seguir um caminho diferente, mesmo que os partidos que apoiam a geringonça tenham “menos apreço” por Carlos da Silva Costa, isso se quiser contar com o apoio dos sociais-democratas nesta medida.

“Vai ser mais uma espécie de teste ácido para ver se a conversa sobre consensos é apenas conversa”, afirma e acrescenta que o PSD já apresentou iniciativas sobre a questão em causa. Passos Coelho chega mesmo a concordar com a necessidade de reforçar os mecanismos de coordenação que existem entre supervisores.

"Achamos até interessante reforçar a independência dos reguladores, por exemplo da nomeação feita a partir do Presidente da República, não nos opomos a essa questão, mas implica revisão constitucional", explica.

Passos Coelho falou no primeiro dia oficial da campanha para as autárquicas em Arco de Valdevez com base no relatório apresentado por Carlos Tavares, presidente do grupo de trabalho para a reforma da supervisão financeira. A proposta prevê que seja o governo, com o apoio da Assembleia da República, a nomear o presidente do Conselho de Supervisão e Estabilidade Financeira, um novo órgão a ser criado, e o Presidente da República a eleger o governador do Banco de Portugal.